Com isto se vê o estado a que as coisas chegaram nas associações da nossa região. Vivemos na periferia de Lisboa mas isso de pouco vale. Nada nos distingue entre Vila Franca e uma aldeia no Portugal profundo. Continuamos a ter associações que vivem com dificuldades e que mal têm dinheiro para comer. Veja-se o exemplo dos nossos bombeiros. Se num país dito moderno cabe na cabeça de alguém guardar equipamento nas casas de banho. Entre um sistema fiscal que cada vez aperta mais as associações, encontramos dirigentes que fazem de corpo e alma os possiveis e impossiveis para que as colectividades continuem a funcionar em pleno e a proporcionar serviços de socorro à população, como no caso dos bombeiros de Vila Franca. Tudo bem que o quartel está a ser ampliado e o assunto vai ficar resolvido, mas não podemos ignorar que a situação esteve assim durante anos. Em toda a peça do MIRANTE a vergonha não deve ser da associação, dos seus bombeiros ou dos seus dirigentes, mas sim do Governo central, que continua a ignorar o papel importante destas e outras associações e continua a tratá-las como elementos de segunda linha no que diz respeito aos financiamentos. Se não fossem estas colectividades a fazer um trabalho que deveria ser da responsabilidade do Estado, estaríamos entregues a nós próprios, sem ambulâncias, sem socorro, sem nada. Além do Estado se descartar dessas responsabilidades ainda trata mal quem presta este serviço. Não devem ser só os bombeiros de Vila Franca a guardar material de socorro na casa de banho. Temos mais exemplos. Várias peças de um museu de Alhandra também eram guardadas nuns sanitários públicos da vila até à bem pouco tempo. Assim vai Portugal. Vamos passear ao palácio mas continuamos a habitar no casebre.Florindo Marques