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Oliveira centenária enviada para Lisboa é “um orgulho” para a aldeia

Uma árvore centenária foi retirada do olival que José Saramago tanto gostava na Azinhaga, e levada para Lisboa, onde ficará junto das cinzas do Nobel. É um acto simbólico e “um orgulho” para a terra natal. Foi escolhida a mais densa e bela entre as trinta que restam dos milhares de oliveiras naquela zona e que Saramago refere várias vezes no livro “As Pequenas Memórias”, criticando o abate destas árvores companheiras de infância e adolescência.“A retirada da árvore é um momento importante. É um motivo de grande orgulho para a população da Azinhaga que vá daqui uma oliveira das que Saramago tanto gostava. Ele vai descansar junto desta árvore”, comentou o presidente da junta de freguesia, Vítor Guia.Ao local chegaram, a meio da manhã de quinta-feira, 16 de Junho, funcionários da empresa de jardinagem para acompanhar todo o processo de retirada da árvore e transporte para o Campo das Cebolas, junto à Casa dos Bicos, futura sede da Fundação José Saramago em Lisboa. “Para que as cinzas de Saramago não fossem divididas entre Lisboa e a Azinhaga, foi decidido que uma oliveira fosse daqui simbolicamente para junto do lugar onde ele vai descansar”, referiu o presidente da junta.Um dos funcionários da empresa de jardinagem disse que, normalmente, a árvore seria podada e só depois replantada, mas vai manter os ramos, que só serão cortados depois da cerimónia, mas o mais cedo possível. Disso depende a sua sobrevivência. Parte para Lisboa a mais resistente das oliveiras centenárias e as cerca de três dezenas que restam no olival vão ser distribuídas pela Azinhaga, “como monumentos de memória aos tempos antigos”, disse Vítor Manuel Guia. No livro “As Pequenas Memórias”, Saramago critica o desaparecimento das oliveiras da sua terra natal, gradualmente substituídas por plantações de milho.“Hectares e hectares de terra plantados de oliveiras foram impiedosamente rasoirados há alguns anos, cortaram-se centenas de milhares de árvores, extirparam-se do solo profundo, ou ali se deixaram a apodrecer, as velhas raízes que, durante gerações e gerações, haviam dado luz às candeias e sabor ao caldo (...)”, descreve o autor.

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