O presidente da federação distrital de Santarém do PS saiu com a sua posição reforçada da última assembleia de militantes onde pôs o lugar à disposição pelos maus resultados do partido e as interferências da estrutura nacional na elaboração da lista de candidatos à Assembleia da República, ao ponto de anunciar que vai remodelar o secretariado distrital e tecer duras críticas internas. Paulo Fonseca antes das eleições legislativas avisou que ia pôr o lugar à disposição, mas na situação em que o partido está, com eleições para a direcção nacional à porta, a lógica ditou, provavelmente, que não se levantassem muitas ondas e o líder distrital saiu reforçado. Em declarações a O MIRANTE, Paulo Fonseca, que apoia a candidatura de António José Seguro a líder nacional do PS, diz que está aberto um novo ciclo e que pretende encontrar novas soluções e formatos para o partido no distrito. E confirmou que há pessoas que vão sair da direcção num processo de reorganização da estrutura distrital, o que denota falta de confiança política de Fonseca em alguns dos seus pares. Ainda para mais quando afirma que esta situação tem a ver com “princípios, posturas, desempenho e solidariedade”, acrescentando que “nos últimos tempos foi possível conhecer melhor algumas pessoas”. Com mandato até 2013, altura em que se realizam eleições autárquicas, esta remodelação é feita já a pensar nesse acto eleitoral. O líder distrital não se inibe de criticar algumas coisas que se passaram nos últimos tempos, chegando a dizer que “há demasiadas pessoas que se põem em bicos de pés e deviam era pôr-se no seu devido lugar”. “Se cada um acha que deve ser general e se todos forem generais, as coisas não funcionam”, realça o socialista que é também presidente da Câmara de Ourém e da Entidade Regional de Turismo de Leiria-Fátima. Em mais um recado, comenta que “há pessoas que gostam de andar na internet a escrever umas bocas e que, depois, quando é preciso a sua colaboração, raramente aparecem”.Salientando que pretende rodear-se de pessoas com atitude cooperante a pensar nos desafios que se colocam a partir de agora, Paulo Fonseca refere que “há pessoas que não conseguem trabalhar em equipa e andam sempre a arranjar quezílias”. No que lhe diz respeito, assegura, sente-se motivado e que mesmo que os militantes entendessem que devia sair da presidência da distrital, sentir-se-ia de igual modo motivado para trabalhar em prol do partido. Os comentários não se cingem à distrital. Fonseca diz esperar que a nova direcção nacional do partido seja dialogante e boa ouvinte, criticando o facto de nos últimos tempos isso ter faltado. “Não havia ligação da nacional à distrital”, salientando que “num partido há uma relação clara entre estruturas locais, distritais e nacionais”. Paulo Fonseca pôs o seu lugar à disposição na assembleia de militantes realizada na noite de 15 de Junho, cumprindo o que tinha anunciado aquando da elaboração das listas de candidatos a deputados pelo distrito. Na altura o líder não gostou das interferências do secretário-geral demissionário José Sócrates que impôs a inclusão de João Galamba, quando os militantes tinham dado autorização ao presidente da distrital para sozinho escolher os nomes.