O ruído dentro da Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira é ensurdecedor. Quase duzentas crianças dos seis aos dez anos de idade, alunos da Fundação CEBI de Alverca, trajaram-se a rigor para animar as ruas da cidade no dia em que foi inaugurada uma nova exposição no Celeiro da Patriarcal sobre as Linhas de Torres. Os mais pequenos vestiram a pele de soldados de Napoleão e nem uma bandeira francesa faltou à festa. “Os fatos foram feitos pela escola a propósito do Carnaval e foi com agrado que viemos fazer este desfile a Vila Franca”, revela Liliana Justiniano, 32 anos, uma das professoras que acompanhou os alunos na ofensiva. “As roupas foram feitas a partir de materiais recicláveis que juntámos”, descreve. Foram os mais pequenos, com a ajuda dos professores, que fizeram os trajes. Demoraram duas semanas e a sua confecção abrangeu todas as disciplinas. Quando as portas da biblioteca se abriram os mais pequenos saíram para a rua com gritos de conquista. Alguns até marchavam porque isto de andar na guerra implica atitude. Alinharam-se em batalhões e caminharam rumo à praça do município. Levaram consigo dois grandes canhões porque “sem artilharia pesada não se ganham batalhas”, diz com ironia outro professor. Frente à câmara municipal o batalhão alinhou em frente ao executivo da câmara municipal e aos outros convidados. Os mais pequenos dispararam balas de canhão e tiros contra os líderes autárquicos mas isso não foi suficiente para os derrubar. Mas não importa, porque os corações das gentes da cidade há muito haviam sido conquistados pela alegria e entusiasmo dos mais novos. Filipe Matias