Póvoa pintada a aguarela com camponeses nas marchas populares
Público acorreu à entrada Oeste da Quinta Municipal da Piedade para ver desfile
As marchas do Grémio Dramático Povoense, União Desportiva e Recreativa Casalense, Caneças e Ramada animaram durante mais de duas horas o público que se deslocou à entrada da Quinta Municipal da Piedade, na Póvoa de Santa Iria. Os trajes do Grémio conquistaram o público.
Na rua não havia cheiro a sardinha assada, bifanas ou chouriço. Imperiais, sangria ou ginja? Nem vê-las. O encontro de Marchas Populares da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, que decorreu na sexta-feira, 17 de Junho, na entrada oeste da Quinta Municipal da Piedade, serviu-se com público, boa disposição e muitos aplausos às marchas das colectividades da terra, Grémio Dramático Povoense e União Desportiva e Recreativa Casalense. Vestidos de camponeses os 13 pares de marchantes que vêm do Bairro dos Quintais e pertencem à União Desportiva e Recreativa Casalense mostram os arcos repletos de milho, azeitonas, malaguetas, girassóis e uma bilha que se ilumina. Este ano resolveram prestar uma homenagem aos camponeses que iam trabalhar para a Quinta Municipal da Póvoa de Santa Iria. “Lembro-me de ser pequena e ver os meus pais a vir trabalhar para a quinta. Existia um rancho e cada família tinha depois um grupo para onde ia trabalhar”, revela Olga Barroso, a autora da música “Os Camponeses” que foi apresentada. O trabalho começou em Março e durou todas as noites. Os trajes foram feitos na costureira e pelos próprios em tons amarelo e preto, em representação da colectividade. As mulheres apresentaram-se de saia e colete. David Morgado, 18 anos, está a estudar Sociologia no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) e resolveu trocar a tuna pelas marchas. “Não tinha muito tempo para a tuna e quando me convidaram a entrar para as marchas não hesitei em deixar a tuna”, conta. “Só nos vemos praticamente à noite mas temos um sentido de pertença ao bairro e isso basta para fazer a marcha andar”, acrescenta por seu lado Francisco Barroso. A marcha do Grémio chegou ao recinto com atraso de quase uma hora. Todos desesperam pela colectividade para começar os festejos. Na plateia ouve-se logo dizer que se “fosse pela roupa o grémio já ganhava”. O tema do Grémio, “Póvoa é uma aguarela”, inspirou o grupo a criar um traje com as cores preto, branco e cinzento. Levaram telas, pincéis, paletes e cavaletes. Transportaram quadros com as imagens da Igreja da Nossa Senhora da Piedade, Santo António, Rio Tejo e da própria Quinta Municipal da Piedade. Nenhum pormenor foi deixado ao acaso, desde os brincos até às fitas no cabelo. Ninguém perguntou pelas sardinhas ou as bebidas. O espectáculo que decorreu no palco improvisado deixou o público satisfeito que não parou de acompanhar as músicas e ensaiar alguns passos.
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