Presidente da Assembleia do Cartaxo alega “falta de condições” para justificar renúncia ao cargo
Maria Manuel Simão refere não poder conviver mais com situações que colocam em causa o respeito e a dignidade que a assembleia municipal merece
O presidente da Câmara do Cartaxo lamenta a saída da presidente da assembleia e diz que viu esta decisão como o resultado da “pressão psicológica” da oposição.
A presidente da Assembleia Municipal do Cartaxo, Maria Manuel Simão (PS), explicou em comunicado que renunciou ao cargo alegando que nunca lhe “foram dadas as condições necessárias” para o funcionamento deste órgão autárquico. Maria Manuel Simão, que foi eleita há dois anos para o cargo numa lista do PS, enviou um comunicado às redacções no qual refere que apresentou a renúncia “por não poder conviver mais com situações que colocam em causa o respeito e a dignidade que a assembleia municipal, como órgão máximo de representação dos cidadãos do concelho, merece”.Na última sessão da assembleia municipal, no final de Junho, Maria Manuel Simão lamentou a “falta de respeito” por parte dos líderes da câmara para com a assembleia, aludindo ao atraso com que se iniciaram os trabalhos devido à ausência do presidente da câmara Paulo Caldas (PS) e do seu substituto legal Paulo Varanda (PS). A reunião só começaria 45 minutos depois da hora marcada. Outra situação que pode ter feito transbordar o copo foi o facto do primeiro secretário da assembleia municipal, Fernando Santos (PS), ter desobedecido a uma ordem da presidente da mesa ao retirar da agenda da sessão realizada a 26 de Abril um ponto proposto pelo Bloco de Esquerda que Maria Manuel Simão decidira agendar. Em resultado dessa situação, debatida também na sessão de 28 de Junho, Fernando Santos (PS) ouviu das bancadas de BE e PSD apelos à sua demissãoPaulo Caldas lamentaO presidente da Câmara do Cartaxo, Paulo Caldas (PS), lamenta a saída da presidente da assembleia e diz que viu esta decisão como o resultado da “pressão psicológica” da oposição sobre Maria Manuel Simão.Paulo Caldas admitiu também que “poderiam ter sido dadas melhores condições de funcionamento à assembleia” e que essa queixa lhe foi várias vezes transmitida pela presidente cessante. “Sublinho, no entanto, que neste mandato tentámos criar melhores condições com a cedência de uma sala e de apoio administrativo, coisa que nunca tinha acontecido nos últimos anos”, acrescentou o autarca.O presidente da autarquia referiu ainda que vinha a sentir algum “desgaste” na presidente da assembleia municipal e que “a gota de água” terá sido uma interpelação feita pelo Bloco de Esquerda a Maria Manuel Simão, na última reunião deste órgão.Paulo Caldas disse desconhecer qualquer incompatibilidade entre o seu executivo e a presidente da assembleia e acrescentou que a substituição de Maria Manuel Simão “deverá acontecer com tranquilidade”. “Estamos disponíveis para melhorar alguns aspectos do relacionamento entre os dois órgãos”, conclui o autarca do Cartaxo.Bloco de Esquerda elogiaOs eleitos do Bloco de Esquerda (BE) na assembleia já reagiram também à demissão da presidente afirmando em comunicado que Maria Manuel Simão “teve um mandato que se pautou pela justiça, democracia e dignidade”. “Sempre vimos na presidente da assembleia uma servidora da causa pública e dos cidadãos”, acrescentam os eleitos do BE, referindo ainda que lamentam a sua saída “por não se vislumbrar, em mais nenhum deputado eleito pela maioria PS, perfil para presidir a um tão importante órgão”.
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