Foi com emoção que familiares e amigos estiveram presentes na homenagem ao antigo ciclista de Alpiarça que se realizou na manhã de sábado, 12 de Novembro. A homenagem teve início com um passeio de cicloturismo, num percurso de 50 quilómetros pelo concelho de Alpiarça, onde cerca de centena e meia de ciclistas de vários clubes participaram. O momento alto da homenagem foi o descerramento da placa com o nome da rua atribuída a António Lima Fernandes - que substitui a nome de Marechal António Spínola.Na cerimónia estiveram presentes familiares, amigos e muitos ex-companheiros de equipa e adversários que correram com Lima Fernandes nas diversas provas de ciclismo em que participou ao longo da sua carreira. O amigo e elemento da Comissão de Honra da Homenagem ao ciclista, João de Brito, garante que na sua memória Lima Fernandes não morreu. “Está sempre presente e será sempre recordado como um grande embaixador de Alpiarça”, referiu emocionado, contando alguns episódios de altruísmo de Lima Fernandes como levar amigos ao hospital quando estes não tinham possibilidade de o fazer.O presidente da Comissão de Honra, Emídio Sardinheiro, referiu que o antigo ciclista não merecia apenas o nome de uma rua. A comissão de honra “gostava” que o largo do Águias de Alpiarça, clube que o ciclista representou, tivesse o nome de Lima Fernandes. “Vamos discutir o assunto com a autarquia e perceber a viabilidade desta hipótese”, disse tendo acrescentado que outras homenagens estão a ser estudadas.Para o presidente da Câmara de Alpiarça, Mário Pereira (CDU), Lima Fernandes é um dos mais ilustres símbolos de Alpiarça que, enquanto ciclista, deu um “grande contributo” para “resgatar” Alpiarça do anonimato. “É justo que seja uma rua que ele tão bem conhecia que tenha o seu nome e que este fique perpetuado pela importância da sua vida para Alpiarça”, sublinhou sem conseguir esconder a emoção.Venceu oito etapas na Volta a Portugal e foi duas vezes campeão português de velocidadeO antigo ciclista António Lima Fernandes, que venceu oito etapas na Volta a Portugal e foi duas vezes campeão português de velocidade, morreu a 22 de Maio deste ano, aos 76 anos. Natural de Alpiarça, António Lima Fernandes alinhou pelo “Os Águias” de Alpiarça, entre 1958 e 1969, e participou em cinco Voltas a Portugal. Foi uma das revelações da corrida em 1961, quando conquistou cinco vitórias em etapas.Na edição de 12 de Junho de 2008, O MIRANTE publicou uma grande entrevista com Lima Fernandes, nascido em 1934, que germinou para o ciclismo a ver os ídolos da modalidade montado na sua bicicleta “pasteleira” que o levava às provas na região, sem medo das distâncias. Entrou em seis voltas a Portugal, tendo acabado quatro delas. Apareceu no ciclismo como rolador e especialista em contra-relógios, mas acabou por se afirmar como sprinter. Embora não fosse um trepador chegou a vestir a camisola do prémio da montanha algumas vezes. Desligou-se do ciclismo quando o seu filho morreu a competir, em 1981. O ciclismo deixou de ter a mística que tinha, a paixão esfumou-se. Passou a levar uma vida pacata a cuidar da horta. Quando nos falou do filho emocionou-se. Guardou a bicicleta branca que o filho levava quando se sentiu mal, acabando por morrer no hospital. Também se emocionou quando falou do homem que o levou para o ciclismo, na altura presidente de “Os Águias” e da Câmara de Alpiarça, Raul José das Neves. Tinha decidido sair do ciclismo em 1969 porque as pernas já não lhe permitiam fazer melhor que os mais novos. Mas na sua terra recusavam dar-lhe emprego porque queriam era vê-lo a pedalar com a camisola de “Os Águias”.