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A antiga professora que reencontrou crianças e jovens como bibliotecária

A antiga professora que reencontrou crianças e jovens como bibliotecária

Carmen Ferreira trabalha na Biblioteca de Ourém desde Dezembro do ano passado

É uma mulher de letras que não pode andar longe dos livros. Começou por ser professora. A instabilidade da profissão levou-a ao documentalismo. Agora é bibliotecária.

Carmen Ferreira não se recorda do primeiro livro que leu mas não esquece o primeiro dia de aulas e do professor Rocha, uma grande influência para a sua paixão pelo mundo das letras e dos livros. Da infância destaca “A Árvore na Casa Oca” de Enid Blyton e as histórias da Dona Redonda como os seus livros preferidos. A bibliotecária na Biblioteca Municipal de Ourém, de 37 anos, tem a certeza que os primeiros anos de escola foram fundamentais para escolher o seu percurso profissional, sempre ligado às letras.Natural de Ourém Carmen Ferreira licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, variante Estudos Portugueses. Ainda deu aulas de Português durante um ano a alunos do segundo ciclo e ensino secundário. Confessa que adorava o que fazia e que gostou muito da experiência mas precisava de um emprego que lhe desse segurança. “Não sou pessoa de ficar à espera que me chamem para trabalhar e aquele mês em que não sabia se ia ficar colocada para dar aulas ou não era muito stressante. Por isso decidi investir noutra carreira. Num trabalho mais seguro”, explica a O MIRANTE.Carmen Ferreira decidiu tirar uma Pós-Graduação em Ciências Documentais e está a realizar o mestrado na mesma área. Depois de dez anos a trabalhar na Câmara de Ourém, onde trabalhava directamente com o executivo municipal, ligada à elaboração de documentos oficiais, Carmen está desde Dezembro do ano passado a trabalhar como bibliotecária. Um trabalho que a completa e realiza.A Biblioteca Municipal de Ourém tem cerca de 20 mil livros nas suas estantes. Em média, por mês, são requisitados cerca de 300 exemplares. Apesar de estar há pouco tempo a trabalhar como bibliotecária, Carmen Ferreira tem experiência suficiente para garantir que o funcionamento das bibliotecas mudou muito nos últimos 15 anos. Sobretudo ao nível da organização. As antigas fichas de papel onde estavam catalogados todos os livros deram lugar ao digital. Agora quando é preciso saber onde está um livro basta consultar o computador.O tipo de utente também mudou. Actualmente as pessoas não vêm à biblioteca apenas para ler. A grande maioria vem para utilizar a internet. Alguns visitam diariamente o espaço para lerem os jornais diários que ali estão ao dispor dos utentes. São os mais velhos quem requisita mais livros mas o público juvenil também tem aumentado nos últimos tempos. Carmen Ferreira explica porquê. “Os professores pedem aos alunos que apresentem um livro por período e os jovens vêm à biblioteca buscar livros que têm que ler nas salas de aula. Alguns fazem-no por obrigação e, nesses casos, escolhem o livro mais fino para não terem tanto trabalho”, conta bem-disposta.Os livros das autoras Laura Esquivel e Nora Roberts são os mais procurados assim como os que são considerados como estando mais na moda. Há também muitos leitores que procuram os policiais ingleses e americanos. “Os livros em que não conseguimos parar de ler porque queremos saber como vão terminar são os mais procurados”, explica Carmen Ferreira acrescentando que os autores portugueses também são muito solicitados.Os gostos literários da bibliotecária são um pouco diferentes dos do leitor comum. Émile Zola, Edgar Allan Põe e os portugueses Valter Hugo Mãe e Rui Cardoso Martins estão entre “alguns” dos seus escritores preferidos. Carmen Ferreira não esquece toda a literatura de Fernando Pessoa confessando que Álvaro de Campos é o seu heterónimo de Pessoa preferido.A equipa de bibliotecárias anda numa roda-viva com a organização de mais uma edição da Feira do Livro que se vai realizar na biblioteca municipal e começa no próximo domingo, 15 de Abril. Além disso, também fazem a promoção de leitura junto dos mais novos com a Hora do Conto. “O nosso objectivo é lançar a sementinha do prazer pela leitura junto dos mais pequeninos. É muito importante incutir o gosto de ler aos mais novos e nota-se que esta iniciativa tem funcionado porque tem havido muita procura nos livros infantis”, conclui.
A antiga professora que reencontrou crianças e jovens como bibliotecária

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