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Espoliado Manuel Serra d’Aire

Não sei se participaste nalguma manifestação anti-austeridade e outras coisas mais. Eu, que já não me mobilizava contra a reacção desde os saudosos tempos do PREC, aproveitei a onda e deixei-me ir. Afinal de contas está em causa o nosso futuro e eu não quero um futuro sem aquilo a que fui habituado nas últimas décadas, sem auto-estradas à borla, submarinos e estádios de futebol; sem rotundas, repuxos e palmeiras a enfeitar as nossas avenidas; sem muitas piscinas e pavilhões, de preferência em cada freguesia; sem dinheiro a rodos para distribuir pelos felizardos que passam a vida a polir esquinas, desabituados de vergar a mola graças a rendimentos mínimos garantidos; sem iluminados gestores de empresas públicas pagos a peso de ouro para acumularem prejuízos. Em nome da nossa felicidade, da paz social e das perspectivas de um futuro risonho temos de continuar a alimentar esses e outros vícios de país pelintra armado em rico. Portugal é assim e é assim que gostamos dele. Não temos vocação (nem altura) para sermos nórdicos de contas certinhas que tudo planeiam e tudo fazem para cumprir ao milímetro, que cumprem prazos e orçamentos.É óbvio que também temos coisas boas e actividades onde nos destacamos e que têm o merecido incentivo do Estado. É o caso da exploração de metais menos nobres. Ainda na semana passada foram apanhados em flagrante na nossa zona mais dois ladrões de fio de cobre e mais uma vez saíram em liberdade do tribunal a aguardar julgamento, podendo assim prosseguir a sua actividade laboral sem impedimentos de monta, numa decisão que se saúda e que pode ser vista como um estímulo ao empreendedorismo e à iniciativa privada numa época de recessão. Só espero que os dinâmicos empreendedores sejam mais discretos nas próximas empreitadas e não se deixem apanhar, pois os juízes têm mais que fazer do que andar a perder tempo com essas ninharias. Aliás, pelo que se vai lendo, só ficam mesmo agarrados (e neste caso literalmente) os gatunos mais descuidados que são vítimas de electrocussão. O que é obviamente chocante!Tal como chocante foi a falta de pontaria do músico de Riachos sósia de Jesus Cristo que não acertou na ministra da Agricultura com um ovo. Nesta época de carestia não se podem desperdiçar munições (ou melhor, alimentos) desta forma. Foi uma potencial gemada que se desperdiçou contra uma parede e que poderia ajudar a retemperar forças a algum indigente lusitano padecente de fraqueza, embora eu ache que a ministra Assunção era o último membro do Governo merecedor de tal castigo. O atirador deve rever os seus métodos e planear os seus atentados com alguma minúcia e critério, porque se assim o tivesse feito saberia que no dia seguinte à visita da ministra a Santarém estaria na mesma cidade e no mesmo local o famigerado ministro Álvaro que é um alvo muito mais apetecível e até mais fácil de acertar por ter uma superfície corporal maior, embora acentuadamente mais disforme do que a da nossa querida ministra. Imperdoável!Lamentando o sucedido e pedindo desculpa à ministra Assunção pelos desvarios de um jovem conterrâneo ribatejano (a quem ainda por cima roubaram a carteira nesse dia, provavelmente castigo divino pelo seu atrevimento), subscrevo-me com os melhores cumprimentos doSerafim das Neves

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