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Martinho Cruz

Martinho Cruz

58 anos, empresário construção civil, Fazendas de Almeirim

“Não faz sentido andarem fiscais a ver se o cidadão pede factura do café ou da pastilha. Deviam era ir atrás de quem desvia milhares de euros para fora do país. Esses é que deviam ser controlados, mas a esses ninguém deita a mão”* * *“Alguém corta no ordenado dos políticos, nas reformas douradas? Dêem o exemplo e façam também eles sacrifícios. Isto como está é uma aberração com tantas pessoas a não terem dinheiro para comer e outras a ganharem balúrdios. Está tudo muito mal distribuído”

Sente muitas diferenças desde que iniciou a sua actividade na construção civil?Muitas mesmo. Quando comecei havia muito trabalho e neste momento não há. Antes corria todo o país porque éramos muito solicitados, não tínhamos mãos a medir com tanto trabalho. Agora, além de ter a empresa tenho outro emprego. Trabalho numa fábrica em Almeirim porque o dinheiro que vem da construção não é suficiente. A construção civil foi a actividade mais afectada com a crise que se está a viver, sobretudo porque os bancos deixaram de emprestar dinheiro às pessoas para estas poderem comprar.Já pensou em emigrar?Já estive emigrado por duas vezes mas foi pouco tempo. Em 1982 estive quatro meses na Suíça e em 1990 estive o mesmo período de tempo em Budapeste (Hungria). Na altura voltei porque havia muito trabalho cá e ganhava tanto ou mais do que no estrangeiro. Não valia a pena estar a viver no estrangeiro quando em Portugal as coisas estavam boas para ganhar dinheiro. Hoje não penso em emigrar, mas se for mesmo preciso tenho que ir. O importante é trabalhar e que não falte dinheiro em casa.Os portugueses aguentam mais medidas de austeridade?Não faço ideia onde é que se pode cortar mais, onde é que se pode sacrificar mais os portugueses. Se eles decidissem cortar nas despesas elevadas e desnecessárias que têm todos os dias, isso é que faziam bem e davam o exemplo aos portugueses. Não pode ser só sacrificarem o povo, os políticos também têm que dar o exemplo. Depois queixam-se que a classe política está desacreditada. Alguém corta no ordenado dos políticos, nas reformas douradas? Dêem o exemplo e façam também eles sacrifícios. Isto como está é uma aberração com tantas pessoas a não terem dinheiro para comer e outras a ganharem balúrdios. Está tudo muito mal distribuído.Era capaz de assaltar um banco ou um supermercado se tivesse necessidade de colocar comida na mesa e não tivesse dinheiro?Felizmente nunca passei por essa situação e espero não vir a passar. Uma pessoa quando está aflita pode ser capaz de qualquer coisa. Se os meus filhos não tivessem o que comer, se calhar era capaz de o fazer. Não devemos julgar as pessoas enquanto não sabemos o porquê de estarem a cometer determinado delito.Pede factura quando bebe um café?Não. Quando são despesas mais elevadas peço, porque entra para a contabilidade da empresa. Mas um café não vale a pena. Não faz sentido andarem fiscais a ver se o cidadão pede factura do café ou da pastilha. Deviam era ir atrás de quem desvia milhares de euros para fora do país. Esses é que deviam ser controlados mas a esses ninguém deita a mão.O que faz falta nas Fazendas de Almeirim?Felizmente temos todas as condições. Nos últimos anos fez-se muita coisa na freguesia. Não nos podemos queixar do nosso presidente de câmara porque criou todas as condições para se viver com qualidade nas Fazendas de Almeirim.O que é que acha que está errado nas políticas do Governo?Criar postos de trabalho para que as pessoas possam ganhar dinheiro e assim gerar riqueza. Se as pessoas tiverem dinheiro vão gastá-lo e isso vai fazer com que a economia ganhe novo fulgor. Com tantos desempregados vai ser muito difícil que a economia volte a entrar nos eixos. Estão a fazer tudo ao contrário do que devia ser feito.Costuma cozinhar?Nem por isso. Quando trabalhava fora de casa era eu que cozinhava para os empregados. É uma coisa que gosto de fazer e dá-me prazer. Agora não o faço porque não é preciso. O meu prato preferido é muito típico aqui das Fazendas de Almeirim, carne de porco ou de vaca com feijão e couve.
Martinho Cruz

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