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Camarigueiro Serafim das Neves

Ouvi dizer que em Lisboa na manifestação anti-Troika havia várias alas. A ala das lésbicas e gays acho que era a ala cor-de-rosa, por exemplo. Aqui no Ribatejo não houve alas. Foi tudo ao molho, como manda a democracia. Jovens havia poucos mas os mais velhos estavam todos na mesma ala. Os que se reformaram aos cinquenta anos com os que, tendo sessenta ainda vão esperar mais cinco ou sete anos pela sua vez. Reformados que recebem duzentos e tal euros ao lado dos que recebem para cima de mil e tal. Foi bonito de se ver. Acho mesmo que aquele senhor que fundou o Movimento dos Reformados Indignados e que só recebe setenta mil de reforma por mês, gostaria de ter estado aqui no meio de nós...salvo seja. Menos democráticos são os polícias e aí já tenho que fazer reparos. Aqui há tempos em Alhandra uns passageiros que cortaram a linha para protestarem contra o aumento dos passes e dos bilhetes, levaram umas chinfalhadas e uns empurrões. No Entroncamento os ferroviários que querem continuar a ter viagens de borla para eles e para as famílias (um direito legal que têm há mais de um século), cortam as linhas quando querem e lhes apetece e a polícia porta-se com o devido respeito e não avança para a violência, o que é de aplaudir, diga-se.Não sei o que aconteceria se os passageiros que entram no Entroncamento e pagam os bilhetes e passes que são caros p´ra burro, decidissem cortar as linhas e impedir a circulação de comboios. Levariam um tratamento à PSP de Alhandra ou à PSP do Entroncamento? Uma coisa eu sei é que levavam com umas moções de apoio da câmara e da assembleia municipal porque Moções é coisa que não falta por aquelas bandas. E aprovar moções, protestos e declarações dá sempre bons resultados. Vê lá tu a quantidade de coisas que já se resolveram por estes lados a golpes de moções...acho até que o D. Afonso Henriques já desferia moções nos mouros que era um ver se te avias. Um verdadeiro deputado municipal, aquele homem! Podes dizer-me que concordas com viagens gratuitas para os trabalhadores da CP e reformados mas que torces o nariz a viagens gratuitas para os familiares directos. Dir-te-ei que és um reaccionário e um grande fascista. Perante a Constituição somos todos iguais. Perante a Constituição e aos olhos de Deus Nosso Senhor. Porque é que o marido de uma trabalhadora ferroviária que é gestor de empresas e ganha vinte mil por mês não há-de ter direito a viajar de borla nos comboios da CP? Será que por ter lutado pela vida não merece tanto como a sua vizinha que é casada com um ferroviário e está desempregada? Chega essa boca discriminatória para lá!!! Se tu me perguntas porque raio querem essas pessoas viajar num meio de transporte que está sempre parado por causa de greves e cortes de linhas...bom, aí tens uma certa razão. Eu também não percebo!!!Ainda sobre manifestações queria dizer que ando um bocado desiludido com a escolha da Grândola Vila Morena para banda sonora dos protestos. Para já é uma canção meio-alentejana, assim para o lento e aquilo faz-me sempre lembrar o ritmo pausado dos discursos do ministro Gaspar. E depois porque dá ideia que só o povo de esquerda é que está descontente com o Passos Coelho o que é mentira. A começar pelo tal banqueiro da reforma dos setenta mil euros. Já era tempo de arranjarmos uma música mais abrangente para estes protestos. Lembrei-me daquela da Ágata...o Sai, sai da minha vida. Qual é a tua opinião??!! e depois adaptava-se. “Sai, Coelho maldito/ E leva contigo o Relvas/ Lá para o Egipto. Enfim, como sabes eu sempre gostei da Ágata e acho antidemocrático que uma mulher assim seja discriminada. Ainda por cima agora que está aí o Dia da Mulher. Já chega de canções de homens. Ele é o Zeca Afonso, o José Mário Branco, o Sérgio Godinho, os Homens da Luta. E as mulheres, caraças??!!! Então...ninguém se levanta contra a discriminação das mulheres em termos de banda sonora para manifestações e concentrações?!! E não me venham dizer que a Ágata não é democrática. Ela trata da mesma maneira todas as notas, sejam dós, mis ou fás...bemóis ou sustenidos. Saudações de punho erguidoManuel Serra d’Aire

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