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Antigo porteiro de escola de Alverca vive angústia de não poder ajudar a família por causa da diabetes

Antigo porteiro de escola de Alverca vive angústia de não poder ajudar a família por causa da diabetes

José Estêvão está a perder a visão e já não consegue ler o jornal nem fazer trabalhos de jardinagem
A doença tem-lhe roubado aquilo que gostava de fazer ao longo da vida e está a deixá-lo num desespero por ver que não tem condições para ajudar a família. José Estêvão, ex-combatente da Guerra Colonial e durante muitos anos guarda-nocturno da Escola Gago Coutinho em Alverca, não tem conseguido vencer a guerra contra a diabetes. O habitante de Porto Alto, Benavente, já nem consegue ler o jornal que era um dos seus maiores prazeres e recentemente teve que, com muita pena, cancelar a assinatura de O MIRANTE. José Estêvão diz que agora a sua vida é uma angústia.Depois de se ter reformado como funcionário na escola de Alverca, cidade onde viveu 46 anos antes de se mudar para Porto Alto, José andou a tratar de jardins de moradias em Cascais para ter mais um rendimento para ajudar a família, sobretudo os filhos e os sete netos. Mas há poucas semanas teve que abandonar o trabalho por já não conseguir ver nem ter forças suficientes. “Gostava de os poder ajudar mais, mas é difícil. Sofro por ver a situação em que se encontram devido ao estado em que o nosso país se encontra”, desabafa José Estêvão de 69 anos de idade. José Estêvão trabalhou durante 15 anos como guarda-nocturno. Entrava às 23h00 e saía às 11h00. “Pedi depois para passar para a portaria durante o dia porque já não aguentava mais a solidão. O silêncio da noite é terrível”, confessa. Nunca precisou de usar a pistola que trazia para afastar assaltantes. “Enquanto lá estive nunca assaltaram a escola”, diz com orgulho. Passou para porteiro durante o dia. Chegou a ser presidente do núcleo do PSD de Alverca, mas não esconde alguma desilusão com a política e o estado actual do país. “Quando ouço dizerem aos mais jovens para emigrarem, nem sei o que dizer. É estarem a retirar ao país quem ele precisa, os nossos jovens”, diz. O ex-combatente da Guerra do Ultramar, em Angola, diz que jamais desistiria do seu país e que é preciso novos homens para endireitarem o caminho. Há perto de dez anos que trocou Alverca pelo Porto Alto. “As pessoas afunilam-se em Alverca. A cidade transformou-se num dormitório onde ninguém gosta de ninguém”, repara. No Porto Alto conseguiu encontrar algum companheirismo e amizade junto da vizinhança. Ocupa os seus dias de volta de um pequeno quintal, onde cultiva fruta e hortaliça. Enquanto ainda a diabetes o deixar. “É difícil querer ajudar alguém e não poder. Sinto-me limitado”, conclui.
Antigo porteiro de escola de Alverca vive angústia de não poder ajudar a família por causa da diabetes

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