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Matador José Falcão recordado como ícone de Vila Franca 39 anos após morrer na arena

Matador José Falcão recordado como ícone de Vila Franca 39 anos após morrer na arena

Amigos e familiares lembram o toureiro como um homem de coragem
José Falcão é um ícone da tauromaquia de Vila Franca de Xira e é recordado por alguns como um “grande amigo e um homem com ganas sem igual”. No domingo, 11 de Agosto, três dezenas de pessoas, entre amigos e familiares, assinalaram o 39º aniversário da sua morte com uma homenagem junto à campa onde está sepultado o matador de toiros, no cemitério da cidade. Foi depositada uma coroa de flores e houve discursos emocionados, recordando momentos passados com o toureiro. Debaixo de um sol escaldante o presidente do Clube Taurino Vilafranquense, Paulo Silva, lembrou o prestígio que Falcão deu a Vila Franca de Xira e disse que passava horas a escutar o matador a contar histórias. O matador morreu no exercício da sua actividade e para Armando Soares, antigo matador, “não há fim de vida mais feliz”. Soares e Falcão tourearam juntos em várias corridas na praça de toiros Palha Blanco, em Vila Franca. “Era e continua a ser difícil encontrar alguém com mais ganas”, salientou.O bom coração do matador foi lembrado pelo toureiro Dário Venâncio, de 63 anos, dizendo que era um homem que procurava ajudar toda a gente e que Falcão faz parte de uma das melhores visões que teve na vida aos 18 anos. Lembrou os treinos com o “maestro” no agora apelidado “Ninho de Falcão” e uma noite na arena de Vila Franca de Xira em que José Falcão pôs em silêncio toda a plateia e acabou a sair em ombros. Dário frisa que ainda hoje sente a vibração daquela noite.Na homenagem foram declamados versos de Mário Correia por Dário Venâncio. O irmão do matador, Osvaldo Falcão agradeceu o gesto com um sentido “obrigado”. A manhã acabou em conversa amena no Clube Taurino Vilafranquense com vinho branco e carne de novilho. Recordaram-se histórias do maestro, vivências e a sua paixão pela tauromaquia.José Falcão morreu no dia 11 de Agosto de 1974 colhido por um touro na Monumental de Barcelona (Espanha). Nasceu em Povos, concelho de Vila Franca de Xira, e tinha 30 anos. Teve uma ascensão notável e era um emblemático representante do toureio português em Espanha. Em 1979 foi edificado o mausoléu de José Falcão e em 1984 formada a Escola de Toureio José Falcão.Faltam figuras do toureio e há empresários que não souberam inovarAugusto Henrique de 81 anos, aficionado da festa brava, afirma que já não existe o sentimento de antigamente. Considera que a tauromaquia exige um sentimento de profunda emoção dos toureiros, o que em seu entender não existe na juventude de hoje. O matador Dário Venâncio, que fez carreira em Portugal e Espanha, partilha a mesma opinião. “A comercialização das touradas veio substituir o bairrismo que existia. Antes tinha-se orgulho da terra a que se pertencia” garante.Para o toureiro as novas gerações “pensam que sabem tudo e entram para a tauromaquia com arrogância”. Diz que no seu tempo se ouvissem alguns assobios da bancada durante a actuação, ficavam com vergonha de dar a volta ao recinto e agradecer. Hoje, “os toureiros antes de saber tourear já são os melhores a agradecer”. As corridas e as festas eram organizadas com cuidado e dignidade e não era qualquer um que toureava nas festas do Colete Encarnado de Vila Franca, “só as grandes figuras do toureio” frisa Dário.A falta de interesse do público jovem pelas corridas de toiros deve-se no entender do presidente do Clube Taurino Vilafranquense, Paulo Silva, à falta de referências a nível do toureio. “Faltam figuras que criem ilusão” reforça. Considera ainda que não se discute tanto a tourada como se devia. As corridas eram apenas um pretexto para se falar sobre touros e beber um copo. Escutavam-se os grandes toureiros com espírito e respeito. Paulo Silva diz que entre os problemas da tauromaquia está o facto de alguns empresários não serem capazes de inovar e que se repetem nos cartazes. “A festa tem rituais que devem ser seguidos à risca mas é preciso aprender a vender a festa. Tem que existir iniciativas taurinas capazes de envolver e chamar a população. A praça de touros não pode ser encarada como um recinto onde só apareçam touros, tem que existir um espectáculo que puxe pela plateia”.As críticas aos empresários tauromáquicos vêm também do antigo bandarilheiro Ricardo Relvas. Que considera que estes são por vezes unicamente investidores e não verdadeiros aficionados. Relvas está mesmo assim confiante no futuro da tauromaquia. “Somos feitos de uma massa diferente” afirma. “Desde que haja um touro bravo e um miúdo com coragem para se meter à sua frente, as touradas nunca vão acabar” conclui o bandarilheiro.
Matador José Falcão recordado como ícone de Vila Franca 39 anos após morrer na arena

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