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Clamoroso Serafim das Neves

O vereador João Leite, da câmara de Santarém, que foi um dos utilizadores dos carros do município que tinham a via verde desactivada, diz que não sabia de tal coisa. Que ninguém o tinha avisado. Eu acredito nele. É certo que quando a gente passa na via verde sem ter via verde activada a sinalização não fica verde mas amarela e que, por vezes, é emitido um sinal sonoro, mas confundir o verde com o amarelo é coisa comum em Portugal, seja nos semáforos ou nas portagens. E graças a essa espécie de daltonismo automobilístico há até quem confunda verde com vermelho, como é sabido. Eu pelo menos confundo, principalmente quando vou com muita pressa. E pelo menos num dos casos de passagem na via verde o João Leite ia apressado. Foi no dia da inauguração da sede de candidatura do seu amigo Moita Flores em Oeiras.Chegar atrasado à inauguração da sede de campanha em Oeiras, de quem nos deu a oportunidade de sermos vereadores em Santarém não é coisa que alguém deseje. E não seria por um qualquer sinal amarelo e um toque de campainha, por mais estridente que fosse, que alguém se iria atrasar. Muito menos um João Leite que passa os dias a pensar em Moita Flores, como já confessou publicamente. Mas se João Leite pensa em Moita Flores, o contrário não acontece. É um daqueles casos de amor não correspondido. Quando fez a sua lista de candidatos a Oeiras, Moita Flores não incluiu João Leite. E podia muito bem tê-lo feito uma vez que João Leite não faz parte da lista de Ricardo Gonçalves em Santarém e pode recensear-se em Oeiras, dando a morada dos familiares da mulher, que moram em Queijas.A transferência das acções de pré-campanha para os tribunais com impugnações e contra impugnações de candidatos foi uma belíssima ideia. Abençoados legisladores que fizeram uma lei de limitação de mandatos com mais buracos que as minhas peúgas. Em vez de andarmos a preocupar-nos com a cor das gravatas dos candidatos ou com o tom dos bronzeados que apresentam após o regresso de férias, fazemos apostas sobre qual vai ser a decisão de cada juiz. Eu já ganhei umas imperiais à conta disso, embora acredite que foi sorte de principiante.Já todos suspeitávamos que o que importa em termos de justiça não são as leis mas os juízes. Agora confirmámos as nossas suspeitas. Quem atingiu o limite de mandatos num concelho pode candidatar-se noutro? Depende do juiz do tribunal onde for metida a candidatura ou o pedido de inelegibilidade. Um cidadão que tenha atingido o limite de mandatos como presidente de câmara pode candidatar-se a presidente da Assembleia Municipal ? Lá está...depende do juiz, pois claro. Nuns lados pode e noutros não. E assim é que deve ser. A democracia tem que ter alguma elasticidade. A rigidez é coisa de ditaduras e monarquias absolutistas.O meu sobrinho mais novo, aquele que fez o nono ano, tem a mania que é espertalhaço e um dia destes apresentou-me uma nova versão da lei de limitação de mandatos que dizia assim. “Quem tiver exercido qualquer cargo autárquico em qualquer órgão autárquico nos últimos doze anos, fica impedido de se candidatar a qualquer eleição autárquica em todo o território nacional durante os seis anos imediatamente a seguir e o mesmo acontece a quem, tendo sido eleito, renuncie ao cargo em qualquer altura”. Já lhe disse que ele não tem qualquer futuro na política nem na advocacia ou magistratura. Onde estão as excepções que qualquer boa lei tem? E os alçapões? E as vírgulas fora do sítio que permitem todas as interpretações? Mais um que vai passar a vida a trabalhar na linha de montagem da fábrica.Saudações operáticas Manuel Serra d’Aire

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