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Comboio

O comboio é o meio de transporte que menos energia consome, um dos mais rápidos, cómodos e seguros - apesar dos recentes acidentes na Europa, isto é verdade - o que menos contamina e menos espaço ocupa. Estas características convertem-no no transporte ideal para o tráfego de mercadorias e passageiros, a alternativa inteligente ao transporte rodoviário, cuja redução se torna, cada vez mais, uma realidade inadiável, pelas consequências ambientais, sociais e económicas que dele advém. No nosso país a decadência do comboio é uma realidade, com grandes disparidades entre as diferentes linhas, em termos de comodidade, conforto e rapidez, algumas suportando velocidades razoáveis, enquanto outras apenas de 50km, não satisfazem nem o desenvolvimento local (muito rápido), nem as necessidades locais (muito lento).Bons exemplos da importância do comboio no desenvolvimento local e no serviço às populações são as linhas do Oeste e a Lisboa – Covilhã/Tomar. A importância desta alternativa ao transporte rodoviário, faz-se sentir também ao nível dos grandes centros populacionais, por exemplo, na Área Metropolitana de Lisboa, onde é utilizado diariamente por milhares de pessoas. Nesta dimensão, torna-se relevante a importância do comboio, como meio de transporte que não só chega à cidade, mas que fundamentalmente, a percorre, os chamados serviços suburbanos, levando o utente ao local desejado. Apesar do grande atraso estrutural do país em vias férreas e dos sucessivos erros nesta matéria, todos sabemos que este é um caminho a seguir; e mais vale tarde que nunca. No interior tudo se complica o despovoamento intensifica-se, a população envelhece, os pólos de desenvolvimento concentram-se, quase exclusivamente, nos centros populacionais: as cidades de pequena dimensão. Aqui o comboio sempre foi um elemento fixador de população, e a desativação das linhas promove a centralização. Os pequenos meios veem-se isolados, sendo também os transportes rodoviários muitas vezes escassos. O automóvel transforma-se na solução possível, para quem pode. As longas deslocações assumem um caráter insustentável, sendo mais viável a migração para a cidade. Os impactes nas populações, aquando do encerramento das vias férreas, nunca são estudados e levados em consideração na tomada de decisão. Compreende-se com facilidade que são as classes mais desfavorecidas e idosas as principais vítimas desta realidade.Agindo Na procura de um meio de maior sustentabilidade, as autoridades regionais tudo devem fazer para reabilitar as linhas existentes apostando, por exemplo, no turismo, em excursões ferroviárias, utilizando percursos de uma beleza extrema; nunca esquecendo quem cá vive e trabalha.Carlos Alberto CupetoProfessor na Universidade de Évora, cupeto@uevora.pt

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