Procissão de Nossa Senhora do Castelo em Coruche com menos gente que o habitual
Crise económica pode ter afastado pessoas que vinham habitualmente de vários pontos do distrito
Quem costuma assistir à procissão, ponto alto da parte religiosa das Festas de Coruche, estranhou o reduzido número de emigrantes, situação que também foi confirmada por O MIRANTE.
Feriado de 15 de Agosto, Celebração da Assunção de Maria e dia de procissão em honra da Nossa Senhora do Castelo, padroeira de Coruche. Às quatro da tarde, horas antes da cerimónia, já se começava a adivinhar que os participantes iriam ser em menor número que nos últimos anos. A situação era objecto dos comentários de quem já se encontrava no adro da ermida. Nascido em Coruche há 80 anos, um senhor que se identifica como Manuel conta a O MIRANTE que noutros anos àquela hora já o lugar estava cheio de gente. Felismina Silva que chegará algum tempo depois fica com a mesma sensação quando olha em redor. “Isto este ano está muito fraco”, desabafa. Reformada, conta que vem de Almeirim todos os anos propositadamente para assistir à procissão e que não se lembra de haver tão poucos participantes. A zona em frente à porta por onde sai o andor de Nossa Senhora do Castelo costuma estar a abarrotar de gente e este ano andava-se por lá sem dificuldade. Também a zona que habitualmente está protegida por toldos, local que muitos visitantes procuram para se protegerem do sol, tinha menos pessoas. Para Maria Teresa, de Coimbra, a explicação é simples. “Infelizmente, as pessoas têm cada vez menos dinheiro o que já não lhes permite viajarem de carro. Por mais fé e adoração que tenham a Nossa Senhora do Castelo o dinheiro já mal dá para comer quanto mais para ser gasto em combustível para virem à procissão”, opina momentos antes de entrar na fila da procissão que percorrerá as ruas da vila.Francisco Moreira refere que se vêem pessoas de todo o distrito e vários pontos do país mas nota a ausência de emigrantes. “Nos outros anos só se viam carros com matrícula estrangeira. Este ano não vi mais que um ou dois”, afirma. O pedreiro de Abrantes lamenta a falta de dinheiro. “As pessoas querem vir, têm fé e são devotas de Nossa Senhora do Castelo mas a verdade é que sem dinheiro não podem sair de casa”, diz.Presidente da Câmara recorda evolução das FestasDionísio Mendes inaugurou, na tarde desta quarta-feira, 14 de Agosto, mais uma edição das Festas em honra de Nossa Senhora do Castelo, em Coruche naquele que foi o último ano enquanto presidente do município. Na hora da despedida aproveitou para recordar as alterações introduzidas ao longo dos anos em que exerceu o cargo. O autarca disse, logo em 2001, que ia mudar o modelo das festas e que teria que ser a população a assumir a organização das mesmas. Foi criada uma comissão de festas e os resultados em termos de eficácia e custos foram significativos. Em 2001 a autarquia pagou 166 mil euros para a festa mais 49 mil euros em horas extraordinárias. Em 2012 pagou um subsídio à comissão no valor de 80 mil euros e 16 mil euros em horas extraordinárias. Mas houve outras melhorias. “Foi preciso fazermos investimento para conseguirmos dar outra cara e outra projecção às nossas festas. Recuperámos toda esta zona do Parque do Sorraia, que estava totalmente degradada. Mostrámos a todos que vale a pena ter orgulho em ser coruchense”, disse o autarca. Uma questão que também foi ultrapassada foi a da falta de entrosamento entre quem organizava a parte profana das festas e a Irmandade da Senhora do Castelo, responsável pela parte religiosa. As tasquinhas foram introduzidas por vontade do presidente da câmara. “Trata-se de um espaço de convívio que representa as freguesias e faz com que as colectividades do concelho realizem dinheiro”, disse Dionísio Mendes que referiu também que o espírito das festas é a solidariedade e a entreajuda. E foi pelas tasquinhas que desfilou a comitiva de personalidades e convidados, parando em todas elas para provar os petiscos.
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