A igreja que o padre Vasco Moniz quis é a mesma que o Papa Francisco promete
Homenagem ao padre humanista de Vila Franca que era incómodo para a igreja e políticos
A igreja que o Papa Francisco promete é aquela que já era desejada há 50 anos pelo padre de Vila Franca de Xira, Vasco Moniz. Diz Carlos Chaparro que privou com o pároco conhecido por ser um humanista preocupado com a justiça social mas também uma figura incómoda para a igreja. Chaparro recordava o padre numa homenagem que decorreu na cidade, que além de um colóquio incluiu a inauguração de um busto que visa perpetuar Vasco Moniz na rua que tem o seu nome. A cerimónia decorreu no domingo, 1 de Dezembro.Carlos Chaparro recordou uma frase do padre: “Quero acordar em cada garoto o homem que a rua abafa e mata”, para mostrar as preocupações de Vasco Moniz há cerca de 50 anos e reafirmar que era um homem muito à frente no seu tempo. No colóquio que encheu o auditório do Museu do Neo-Realismo, Chaparro salientou que o que “ele pretendia era ter uma igreja de acção, de norma e de valores”. E revelou que era duro com as crianças para que elas entendessem as adversidades que iriam enfrentar no futuro. Moniz era contra a inacção e a perda de dignidade. A antiga provedora da Casa Pia também comparou Vasco Moniz ao Papa Francisco. “O padre escolheu ficar em Vila Franca para ajudar esta gente simples”, referiu Catalina Pestana que chegou a privar com o pároco. Das características que mais salienta nele está a coragem. Vasco Moniz não tinha receio de afrontar a Igreja e os políticos. A ex-presidente da câmara e moderadora do colóquio, Maria da Luz Rosinha, contou que conheceu o padre quando frequentava a Juventude Operária Católica e que os valores e os princípios que adquiriu na altura são os mesmos que ainda hoje mantém.Na inauguração do busto, também integrada nas comemorações do centenário do nascimento do padre, Maria da Luz Rosinha disse, emocionada, que Vasco Moniz não iria gostar desta homenagem mas ressalvou que esta é mais que merecida. Para que a memória do padre não se fique pela escultura da autoria de António Trindade, o amigo de Moniz propôs a criação de um centro de estudos que promova a discussão pública sobre a inclusão social. “Só assim conseguiremos materializar o significado do busto” referiu Carlos Chaparro.
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