Memórias dos cem anos do União de Tomar contadas em livro
Tomarense radicado em Lisboa há 40 anos é o autor da obra que chega ao público a 4 de Maio de 2014, data do centenário do clube.
Recuperar o património histórico do União de Tomar, nomeadamente dos seus momentos mais grandiosos, deixando um legado para as gerações vindouras é o que moveu Leonel Vicente, tomarense de 47 anos, natural da freguesia de Olalhas, a escrever um livro sobre o centenário do U. Tomar. O facto de nunca ter escrito um livro e residir em Lisboa há vários anos, onde exerce a profissão de auditor, não impediu que o desafio lhe fosse lançado pelo actual presidente do clube, Abel Bento. A obra está em fase de acabamento e vai chegar ao público a 4 de Maio de 2014, data do centenário do U. Tomar. “Este projecto nasceu por altura do 95.º aniversário do clube, como um sonho pouco definido, quando criei um blogue dedicado especificamente à recolha e compilação de dados sobre o historial do União de Tomar (http://uniaotomar.wordpress.com)”, revela a O MIRANTE. “É um livro que foi sendo escrito ‘a meias’ com uma diversidade de grandes cronistas e autores, alguns dos nomes maiores do jornalismo desportivo em Portugal, a par dos jornalistas locais”, descreve. A obra intercala a narrativa detalhada da história do clube com excertos de crónicas de jogos de várias épocas. As fotografias, que surgem como separadores das várias partes em que o livro se compõe, são de época, disponibilizadas por várias pessoas, desde jogadores a dirigentes, ou adeptos e simpatizantes, na maior parte das vezes sem que tenha sido possível apurar a sua autoria. O livro foi escrito durante três anos, sobretudo à noite e nos tempos livres, em paralelo com a pesquisa e compilação de documentos. Um trabalho a que, nos últimos meses, se dedicou todas as noites. O prefácio é de Vítor Serpa, há vários anos director do jornal A Bola.O grande incentivo para escrever o livro deu-se quando, em Maio de 2010, foi realizada uma homenagem aos campeões nacionais da II Divisão de 1973-74, organizada pelos veteranos do União. O convite de José Martins e José Tapadas Martins permitiu-lhe conviver directamente com alguns dos ídolos da sua infância, casos de Conhé, Faustino, Kiki, Manuel José, Raúl Águas, Bolota, Camolas ou Totói, de quem coleccionou os famosos cromos. Seguiu-se um trabalho de pesquisa, ao longo de cerca de quatro anos, na Hemeroteca de Lisboa, onde consultou todos os exemplares publicados pelos jornais locais, bem como os jornais desportivos nacionais. Passou ainda algum tempo na Biblioteca Municipal de Tomar e na Biblioteca Nacional de Portugal. Carlos Silva, seu antigo director, ofereceu-lhe a colecção integral do “Jornal União de Tomar”. Apesar de não ter realizado entrevistas formais, Leonel Vicente participou em alguns encontros com veteranos do clube, nomeadamente no Torneio dos Templários, mantendo contactos com antigos jogadores e directores, casos de Faustino, Totói, Mário Pinto ou Rui Costa, onde foram recordadas memórias da vida do clube.“Tomar tem perdido relevância”Apesar de Leonel Vicente ter vivido em Tomar apenas até aos sete anos, manteve-se sempre ligado à sua terra natal. Em cada deslocação à cidade lia avidamente os jornais locais para se manter informado sobre tudo. No dia 1 de Março de 2004, decidiu criar um blogue sobre Tomar (http://tomar.wordpress.com) com o intuito de reforçar esse elo. “É patente que a estagnação do concelho nos últimos anos tenha levado a uma situação de perda de relevância face a municípios vizinhos, com maior capacidade de atracção, a que não é naturalmente alheia também a situação de grave crise que o tecido empresarial local atravessa”, responde, ,quando lhe perguntamos como é que um tomarense que reside fora há tantos anos olha para o seu concelho. Na opinião de Leonel Vicente, para contrariar o flagelo do desemprego, que é nacional, devem ser adoptadas políticas que possibilitem a fixação de população, por via da captação de investimento. “Julgo também que o potencial turístico e cultural do concelho poderá ser igualmente uma área de desenvolvimento que deverá constituir aposta reforçada”, atesta.
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