Empresários de Mação queixam-se dos custos da interioridade
Nersant tem vindo a reunir com empresários dos vários concelhos da região para definir estratégia de inovação e competitividade para a região até 2020.
A Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém está a promover por toda a região um conjunto de sessões visando a recolha de contributos das empresas para a definição do “Plano estratégico de inovação e competitividade para a Região de Santarém 2014-2020”. No dia 18 de Fevereiro foram ouvidos os empresários de Mação, num encontro que decorreu na câmara municipal e onde participou a presidente da direcção da Nersant, Maria Salomé Rafael, o presidente desse município, Vasco Estrela, e um conjunto de empresários do concelho.Sendo Mação o concelho mais interior do distrito de Santarém, a problemática da interioridade foi largamente discutida pelos empresários presentes. Embora reconheçam que o concelho tem vias de comunicação de qualidade, admitem também que a principal fonte de escoamento dos seus produtos, a A23, é cara, o que acaba por dificultar o negócio. “O país continua a funcionar a dois caminhos”, afirmaram os empresários, referindo-se ainda à fraca resposta da banca, especialmente no interior, e aos custos energéticos, que continuam a ser mais elevados no interior do que no litoral. Desta forma, acreditam os empresários presentes na sessão, o interior vai continuar a perder gente, o consumo será cada vez menor, o que mina as hipóteses de investimento no concelho.Para além da interioridade também o sector primário, considerado pelos presentes o futuro do concelho e do país, foi abordado. De acordo com os empresários, é necessário que haja uma desburocratização e simplificação da legislação deste sector tão tradicional. “É necessário que haja uma desregulamentação para as pequenas empresas. Não faz sentido que micro ou pequenas empresas tenham que responder aos mesmos regulamentos, às mesmas análises e testes, que as grandes indústrias”, consideraram os presentes.Ainda no âmbito do sector primário as empresas presentes afirmaram haver uma necessidade de matéria-prima. No caso da olivicultura, por exemplo, existem centenas de hectares de terrenos particulares onde a azeitona não é apanhada, quando muitas vezes os lagares têm dificuldade em conseguir a mesma. Foi deixada uma sugestão que passa pela criação de uma associação que proporciona às pessoas o não desperdício deste bem. Outros entenderam que o financiamento a projectos de agricultura devem ter maior financiamento neste concelho do que noutros do Ribatejo, devido à sua interioridade. Em relação aos comentários ouvidos, o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela (PSD), deixou algumas palavras aos empresários. “Tardiamente começamos a olhar para a interioridade de outro modo. O país está a ficar demasiado inclinado para o litoral, o que traz problemas estruturais aos territórios. Penso que finalmente acordamos e esta é a ocasião para resolver estas questões. Por isso, devemos olhar para os territórios e diferenciá-los, por forma a neles se fixarem pessoas”.Na sessão de abertura, a presidente da direcção da Nersant, Maria Salomé Rafael, tinha explicado o intuito da reunião. “A Nersant está a percorrer toda a região através da realização destas sessões de trabalho em todos os concelhos do nosso distrito. Pretendemos ouvir os empresários, as suas opiniões e sugestões em prol de um maior crescimento da economia regional”, defendeu a responsável.Esta sessão realizou-se com o apoio do COMPETE, no âmbito do projecto INOVRibatejo, no qual está inserida a realização de um “Estudo estratégico de inovação e competitividade para a Região de Santarém e a definição de acções de apoio às empresas no período 2014-2020”. Na reunião foram ainda apresentadas algumas directrizes do programa Horizonte 2020, quadro comunitário que sucede ao 7.º Programa Quadro até então em vigor.
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