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Um trabalho que não dá prazer mas que tem de se fazer

Um trabalho que não dá prazer mas que tem de se fazer

Bruno Mendes, 41 anos, é agente funerário em Tomar há quase duas décadas

O profissional refere que os funerais que mais mexem com o seu íntimo são os de pessoas que lhe eram mais chegadas em vida. Desempenha todas as funções relativas ao serviço fúnebre, como atender o telefone, vestir o falecido, tratar da carga burocrática ou aceitar encomendas de coroas de flores.

Natural de Vila do Paço, Torres Novas, localidade a 11 quilómetros de Tomar, Bruno Mendes nunca teve receio de contactar com pessoas falecidas. Em criança costumava ajudar na igreja e assistia muitas vezes a velórios, não se deixando impressionar por todo o ambiente de pesar inerente a um funeral. Nascido numa família de três irmãos, frequentou a escola até ao 5.º ano, altura em que foi trabalhar para uma quinta na Vila do Paço, onde cuidava dos animais que mais tarde eram negociados em feiras. Diz que sempre gostou muito de animais e chegou a pastorear rebanhos pelos montes, actividade que recorda com saudade. Foi ali que trabalhou até aos 24 anos, altura em que pensou que poderia vir a trabalhar numa das agências funerárias em Tomar - onde esteve até ao último mês de Novembro de 2013 - uma vez que assistia aos serviços fúnebres que costumavam realizar-se na sua terra. O convite para entrar no ramo acabou por surgir em 1996. “É um trabalho que não me dá prazer mas que gosto de fazer”, descreve a O MIRANTE, sempre com uma voz tranquila que caracteriza a sua postura sóbria. Desde Dezembro que Bruno Mendes é um dos rostos da Agência Funerária Fernando Mendes onde trabalha com Ricardo Mendes, neto do fundador da agência e actual gerente. O agente funerário refere que os funerais que mais mexem com o seu íntimo são os de pessoas que lhe eram mais chegadas em vida. Na Agência Funerária Fernando Mendes, localizada na Avenida Cândido n.º73 Madureira, uma das principais artérias da cidade, desempenha todas as funções relativas ao serviço fúnebre, como atender o telefone, vestir o falecido, tratar da carga burocrática ou aceitar encomendas de coroas de flores. No primeiro funeral que fez recorda que estranhou ter que vestir um corpo frio mas depressa interiorizou que era um trabalho que tinha que ser feito. “Se é para fazer, tem que ser feito”, atesta. Apesar de já ter perdido a conta ao número de funerais que já realizou, não se recorda de nenhuma cerimónia fora do comum e, tal como sucede com outros agentes funerários, muitas vezes é abordado na rua por pessoas que querem saber quem é que morreu. Um agente funerário sabe que não tem horários fixos de saída e que num dia pode não ter nenhum serviço mas noutro podem aparecer três ou quatro funerais em simultâneo. “Temos que estar preparados para esta agitação. Cada funeral é um funeral e nada pode falhar”, atesta. Pessoa de hábitos simples, tranquila e sem ambições desmedidas, Bruno Mendes continua a viver em Vila do Paço mas já sente Tomar, onde trabalha há 18 anos, como sua terra. A maior gratificação que pode receber é sentir que as famílias enlutadas ficaram satisfeitas com o serviço. “Vivo um dia de cada vez”, refere Bruno Mendes que, após 18 anos no ramo, sente que escolheu a profissão certa para si.
Um trabalho que não dá prazer mas que tem de se fazer

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