
Acumulação de lodo nas margens do Tejo preocupa pescadores
Quem tiver a infelicidade de cair ao rio Tejo junto ao cais dos avieiros na Póvoa de Santa Iria afunda-se no lodo e pode não conseguir ser salvo. O mesmo se passa na zona ribeirinha de Alhandra, Vila Franca de Xira e Vala do Carregado.O alerta é deixado por vários pescadores, da Póvoa de Santa Iria a Vila Franca de Xira, que dizem eles próprios estar em perigo, devido ao acentuado assoreamento do rio. O excesso desta lama viscosa nas margens está também a comprometer a navegabilidade durante algumas marés. Os pescadores dizem que é urgente dragar a zona e, no caso do cais da Póvoa, colocar pilaretes ou vedações que possam impedir as quedas acidentais ao rio.“São verdadeiras areias movediças, quem cair já não sai. Isto é um perigo iminente que aqui temos”, alerta o presidente da Associação Cultural dos Avieiros da Póvoa de Santa Iria (ACAPSI), Fernando Barrinho. Mesmo sabendo nadar não há garantias que o corpo humano consiga escapar ao lodo e isso pode ser potencialmente fatal. “Há uns meses um carro ia caindo ao rio. Se o carro caísse a pessoa morria lá dentro. Não por afogamento mas por o carro se enterrar no lodo”, diz a O MIRANTE.Em Alhandra o cenário é semelhante. Rui Pedro é pescador na vila e há cerca de duas semanas deixou uma caixa de peixe cair no lodo, que se afundou em minutos. “Desapareceu num ápice, só consegui tirar um peixe. Imagine agora se for uma pessoa ali enfiada”, alerta.Para os pescadores, a explicação para o aumento do lodo junto às margens, nos últimos anos, tem a ver com o fim dos esgotos. Uma teoria que é partilhada de norte a sul do concelho. “Com o fim dos esgotos a desaguar aqui no cais livrámo-nos da poluição, mas ficámos com águas paradas. A água do esgoto, mesmo poluída, sempre empurrava o lodo para longe, espalhava-o pelo rio. Agora não, acumula-se aqui”, nota Fernando Reis, outro pescador.O assoreamento das margens do Tejo no concelho de Vila Franca de Xira não é um problema novo e os eleitos da oposição na câmara municipal têm alertado várias vezes para o caso. Alberto Mesquita (PS), presidente do executivo, disse recentemente que uma intervenção de fundo nas margens será onerosa e não pode avançar sem a autorização da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Tejo. Para esse efeito o autarca informou, no início deste ano, que está em curso a realização de um projecto de limpeza das margens, que irá necessitar de aprovação da ARH para passar à prática. Até lá, os pescadores e os utilizadores das margens são aconselhados a ter cuidados redobrados nas zonas ribeirinhas, especialmente nos casos de maré baixa.

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