O veterinário de Tomar que trata de animais exóticos no Dubai
Raimundo Tamagnini, 39 anos, emigrou à procura de aventura e pensa ficar nessa cidade dos Emirados Árabes Unidos pelo menos até 2020, ano em que se realiza a Expo Mundial. O veterinário já cuidou de chitas, chimpanzés e até de leões no palácio do Sheik.
Foi o gosto pela aventura, o querer conhecer novas culturas, o sol e o prazer de viajar que levaram Raimundo Tamagnini, um médico veterinário de Tomar, a aceitar uma proposta de trabalho no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Chegou em Julho de 2010, numa altura de muito calor mas ficou logo bastante entusiasmado com a beleza e arquitectura da cidade. Casado com a inglesa Daisy, para este tomarense de 39 anos o Dubai é uma cidade diferente do país, tal como Londres é diferente do resto de Inglaterra. “Ambas são cidades multiculturais com pessoas de diferentes origens e que conferem uma identidade própria da cidade”, afirma.Espanha, Suíça, Alemanha e Inglaterra são outros dos países pelos quais já passou, muitos deles para frequentar pós-graduações e cursos na sua área profissional. Em Tomar, chegou a abrir uma clínica veterinária mas o percurso de vida mudou porque sentia que o investimento feito, financeiro e profissional, não estava a ter retorno. Foi quando aceitou ir fazer um internato em Inglaterra e, mais tarde, surgiu uma proposta de um hospital no Dubai. Como tinha lá amigos a viver foi ver como viviam e a adaptação foi mais fácil do que pensava. As maiores diferenças que Raimundo Tamagnini encontrou entre o Dubai, na costa do Golfo Pérsico, e a cultura portuguesa assentam no ritmo de trabalho, que é mais lento no país onde se encontra a trabalhar na “Energetic Panacea Veterinary Clinic”. No Dubai há uma diferença que muitos desconhecem: o fim-de-semana é à sexta-feira e ao sábado, sendo que o domingo é o primeiro dia da semana de trabalho. Depois, os arranha-céus impressionam qualquer um, tal como a mistura de culturas de todo o mundo. Em termos negativos, aponta o problema do desnível social e as condições em que vivem os menos favorecidos, embora este aspecto esteja a ser melhorado e respeitado. A forma de exercer veterinária no Dubai é um pouco diferente de Portugal, dado que o conceito de animais de companhia para os locais é diferente do europeu. “Muitos têm animais exóticos como tigres, leões, chitas, chimpanzés e até, em grandes quintas no meio do deserto, animais de grande porte”, atesta sublinhando, no entanto, que 60 a 70 por cento dos clientes com quem trabalha são expatriados, logo com uma concepção do animal doméstico mais ocidental. O animal mais estranho que já consultou foi um leão de uma sobrinha do Sheik, tendo entrado no palácio. Apesar do Dubai ser uma cidade linda e “global” está longe de ser o paraíso que toda a gente julga, diz. Trabalha-se muito, o dia de trabalho é longo. E, depois, é uma cidade bastante cara. As mentalidades são diferentes e com grandes exigências ao nível do respeito e do cumprimento das regras básicas. Quanto ao clima, tem meses de muito calor e de humidade (de Junho a Setembro). “Durante 8 meses do ano o clima é fantástico. Podemos ir à praia de manhã, voar de balão à tarde e fazer ski na neve no final do dia”, exemplifica. Também há a possibilidade de jantar no restaurante mais alto do mundo ou debaixo de água. E depois ver leões como animais de estimação ou visitar o centro comercial de ouro e diamantes. “É uma cidade única, que é deslumbrante se não nos deixarmos deslumbrar”, refere. Um cão, três gatos e um filho recém-nascidoRaimundo Tamagnini tem uma vida bastante ocupada devido à sua actividade profissional mas faz questão de aproveitar bem os seus tempos livres, praticando imenso desporto. “Faço rugby, ski, gosto de velejar... e depois estou com a minha família e amigos na praia, na piscina e vamos a eventos”, conta. O que o cativa mais em relação aos habitantes locais, denominados como emiratis, é o assumido orgulho que sentem pelo seu país, pelo Sheik e pela família real. Sem dominar a língua, que não é nada fácil, comunica em inglês, a língua não oficial. O veterinário de Tomar vive com a mulher, o filho nascido há poucos dias, o cão e três gatos. No Dubai conta ainda com a presença do irmão Pedro, que também se mudou recentemente para aquela cidade. De Portugal, país onde regressa pelo menos uma vez por ano, tem saudades da família e dos amigos e também da comida portuguesa que considera “a melhor do mundo”. As saudades são atenuadas com um contacto regular dado que todos os dias comunica com eles, utilizando todos os meios possíveis tais como telefone, Messenger, Facebook, Skype, Viber, entre outras tecnologias.Raimundo Tamagnini pensa ficar no Dubai pelo menos até 2020, dado que esta foi a primeira cidade do Médio Oriente escolhida para acolher a exposição mundial. Um regresso a Tomar está nos seus planos mas num futuro longínquo. “A minha mulher Daisy é inglesa e com a globalização, nunca se sabe onde é a próxima paragem…Tomar e Portugal, sim sem dúvida, mas mais tarde. A Daisy é fã”, conta.
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