Zombeteiro Serafim das Neves
A moda das banhocas avança retumbante. Depois das banhocas de água gelada chegaram as banhocas de pozinhos coloridos. Estas últimas são as minhas preferidas. Aquelas multidões maioritariamente femininas aos gritinhos e aos abraços debaixo de chuveiradas de pozinhos são altamente estimulantes. Estimulam quem assiste, estimulam quem participa e estimulam o país em geral.E tudo é feito no meio de uma risota geral, para desespero dos partidos do contra e dos seus sindicatos. Em vez de pessoas preocupadas com o desemprego e os salários baixos, a crise do BES, os cortes salariais, portagens nas Scuts, estradas esburacadas e outras minudências, o povo que eles se desunham a defender anda em orgiásticas balbúrdias coloridas ou geladas com uma alegria de fazer inveja aos brasileiros mais foliões. É em Tomar, em Torres Novas, em Santarém, na Chamusca, em Abrantes, no Entroncamento. A realidade saiu à rua para desmentir o discurso cinzento e triste de políticos e de jornalistas militantes.O que ainda me anima mais é que todas estas manifestações são, na maioria dos casos, solidárias. Um tetraplégico precisa de uma cadeira de rodas de último modelo, pois bem, há logo dezenas e dezenas de pessoas alegres e com total mobilidade que organizam zumbas colors. Uma mãe, em desespero, quer levar um filho a um tratamento caro noutro país e chovem baldes de gelo pela cabeça de divertidos autarcas e bombeiros. Para o cancro da mama já havia corridas e caminhadas. Um dia destes ainda vamos dar sangue a sambar.Na Câmara do Cartaxo, o ex-presidente Paulo Varanda, que agora é um simples vereador, votou contra a possibilidade da adesão do município a um daqueles programas do Governo que permite ir buscar dinheiro emprestado para pagar dívidas a fornecedores e assegurar pagamentos de ordenados aos funcionários. Algumas pessoas ficaram chocadas com aquela atitude de quem ajudou a afundar as finanças públicas. Eu não vou fazer críticas apressadas. Sei lá eu se ele está a preparar uma banhoca gelada ou uma banhoca colorida para recolher dinheiro para salvar a câmara? Olhando para o ar sorridente dele vê-se logo que é homem para isso e para muito mais.Tal como tu, também eu fui convidado pelo presidente da Assembleia Municipal de Torres Novas, António Rodrigues, para o lançamento do seu livro sobre o poder autárquico timorense, em Díli. Aproveito para te dizer que também não consegui estar presente. Tu desististe de ir, assustado pela distância, mas olha que eu meti-me ao caminho. O problema foi o cárter do motor, ou lá o que é aquilo. O mecânico disse-me que se partiu. Não consegui passar da Portela das Padeiras. Só não fiquei mais preocupado porque, como ele teve a amabilidade de divulgar todos os endereços electrónicos dos outros convidados, fiquei a saber que mesmo sem a minha presença deve ter tido casa cheia.A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira inaugurou a “Fábrica das Palavras”. Pelo menos foi o que eu li aqui em O MIRANTE. Acho que se trata de um excelente investimento. Nunca vi cinco milhões e meio tão bem gastos. Agora já não há desculpas para os jovens só escreverem pks, mds, tbs ou fds, nas mensagens de telemóvel e nos testes de português. A fábrica municipal de palavras concerteza que vai fazer grandes descontos para os residentes no concelho.Saudações coloridas Manuel Serra d’Aire
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