Um empresário dedicado à calçada à portuguesa
João Gonçalves criou empresa de extracção e transformação de pedra há 15 anos em Valverde
Começou a trabalhar numa pedreira aos 13 anos porque não gostava de estudar. Ainda foi aprendiz de bate-chapas e trabalhou na construção civil e numa serralharia, antes de voltar às pedreiras na zona serrana do concelho de Santarém.
O primeiro trabalho de João Gonçalves foi numa pedreira. Tinha 13 anos e depois de completar o sexto ano decidiu começar a trabalhar - contra a vontade dos pais -, uma vez que não gostava muito de estudar. Natural de Valverde, localidade serrana da freguesia de Alcanede, no concelho de Santarém, ia a pé para a serra, onde funcionava a pedreira. A sua função era extrair pedra. Tudo manualmente, como antigamente. Ficou apenas um mês na pedreira porque arranjou emprego como aprendiz de bate-chapas, a profissão que João realmente queria enveredar.Trabalhou durante quatro anos nessa área mas percebeu que essa não seria uma profissão de futuro. A vida levou-o para a área da construção civil e serralharia, onde trabalhou oito anos numa empresa. Com o agravar da crise deixou a construção civil e criou uma empresa em sociedade com o irmão mais novo. A Calcirocha está a funcionar há 15 anos e dedica-se à extracção e transformação de pedra de calçada. “Depois de ter trabalhado um mês numa pedreira, com 13 anos, disse que nunca mais trabalhava neste ramo. No entanto, a vida encaminhou-me para lá novamente. Nunca devemos dizer nunca”, afirma bem disposto.O facto de viver em Valverde, uma terra onde existem muitas empresas ligadas ao ramo das pedreiras, por estarem tão perto da serra e da matéria-prima, contribuiu para que João Gonçalves apostasse nessa área. “Conseguimos ser mais competitivos que outras empresas que estão mais longe das pedreiras porque não gastamos tanto dinheiro a ir buscar matéria-prima. É uma vantagem da qual temos que tirar partido”, refere. A Calcirocha trabalha sobretudo com pedra própria para fazer calçada portuguesa. A pedra é ligeiramente diferente e é retirada manualmente, partida à mão com martelos, como se fazia antigamente.O negócio não corre mal mas quando começaram a actividade foi o auge em termos de volume de negócio. “Depois da Expo 98 houve o boom da construção civil. Nem tínhamos capacidade para responder a tantos clientes. Nos primeiros quatro anos conseguimos comprar todo o equipamento necessário, pagá-lo e ainda ganhar dinheiro. Agora já não há tanta procura mas também não nos podemos queixar”, explica a O MIRANTE. Através da página na Internet e na participação de feiras da área já conquistaram alguns clientes estrangeiros. Já exportaram pedra de calçada portuguesa para França, Espanha, Venezuela e Canadá.O dia-a-dia de João Gonçalves começa normalmente na pedreira junto do irmão e dos seis funcionários. Depois vai ao escritório tratar da papelada e por vezes vai com o camião levar matéria-prima a alguns clientes. Trabalha normalmente 12 horas por dia. O mais difícil do seu trabalho é ter que pedir aos clientes os pagamentos em atraso. João Gonçalves, 43 anos, tem dois filhos, com 16 e 13 anos. Nos tempos livres gostam de ajudar o pai na empresa. “Por um lado gostava que eles um dia dessem continuidade a este negócio, mas por outro lado gostava que tivessem um emprego menos duro. Não quero é que comecem já a trabalhar como eu fiz porque depois podem perder o interesse pela escola e hoje sei que é importante estudar”, sublinha.Nos poucos tempos livres que tem gosta de dedicar o seu tempo à família e também de fazer passeios de jipes todo-o-terreno. Colecciona motorizadas antigas e participa em passeios sempre que pode. Tem seis motorizadas antigas e restauradas. Gosta de preservar coisas antigas. Os passeios ajudam-no a descomprimir do stress do dia-a-dia e a recarregar energias para mais umas semanas de trabalho.
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