Recolha de sangue na Ribeira de Santarém
Instituto pode passar de um saldo positivo de um milhão de euros em 2013 para um défice superior a dois milhões de euros em 2014. Os custos com pessoal vão sofrer novos cortes e no seio da comunidade académica há quem diga que está na hora de acabar com certas mordomias e de os professores com cargos de direcção voltarem a dar aulas nas suas escolas.
De um saldo positivo de um milhão de euros em 2013 para um défice que, no pior dos cenários, pode chegar aos 2,3 milhões de euros em 2014. Este é o panorama financeiro do Instituto Politécnico de Santarém (IPS), apresentado recentemente em reunião do Conselho Consultivo de Gestão e ainda indefinido por não se saber em concreto o montante que a instituição irá receber do Ministério da Educação e Ciência, a título de reforço orçamental.O quadro afigura-se negro e apanhou de surpresa alguns elementos da comunidade académica, até porque, em Fevereiro passado, o presidente do Politécnico e então recandidato ao cargo, Jorge Justino, destacava em entrevista a boa situação financeira e o superavit nas contas registado em 2013.Contactado por O MIRANTE, o presidente do IPS sublinha que “as contas não estão ainda fechadas e até estão muito longe disso” e que só no final de Setembro haverá um retrato mais preciso sobre a situação. “Isto porque ainda não sabemos quer o montante que iremos receber da tutela, a título de reforço orçamental, quer o montante que iremos arrecadar até lá, proveniente de receitas próprias, como propinas”. Os 2,3 milhões de euros referidos de défice, diz Jorge Justino, são “um valor limite”, pois “no limite inferior, poderá nem sequer haver défice orçamental”. O orçamento do IPS para 2014, refira-se é de 16,9 milhões de euros, 10 ,3 dos quais provenientes do orçamento de Estado.Questionado sobre que causas contribuíram para esse possível resultado negativo nas contas, após um ano de 2013 com lucro que transitou para 2014, Justino explica que parte do saldo orçamental do ano passado foi utilizado em equipamento que precisava “imperiosamente” de ser adquirido ou substituído. “Uma outra fatia significativa desse saldo foi utilizada no pagamento dos encargos adicionais com pessoal que não estavam inicialmente previstos e que são consequência das decisões do Tribunal Constitucional”, diz Jorge Justino, sublinhando que, até ao momento, o IPS ainda não recebeu qualquer verba do Governo destinada a cobrir os montantes despendidos em acréscimo com o pessoal resultante da reposição do pagamento total do subsídio de férias - “o que contamos que venha a acontecer a todo o momento”, diz.Continuam as “mordomias dos tempos das vacas gordas”A verdade é que o quadro financeiro do Politécnico de Santarém não é famoso, tendo sido ordenado às escolas contenção na contratação de docentes. Jorge Justino informa que, em despacho de 15 de Setembro, após ter ouvido todos os directores das escolas, “foram autorizadas as contratações que sejam estritamente necessárias para poder arrancar o primeiro semestre do ano lectivo com a normalidade habitual”. E determina-se que os recursos humanos existentes devem ser “esgotados” antes de se avançar para novas contratações de docentes.O que leva algumas vozes críticas a considerar que os recursos humanos do IPS estão longe de estarem esgotados e que há professores que podiam dar mais às escolas que integram a instituição. Começando logo pelos que exercem cargos de direcção nas diversas escolas e no IPS e que, por essa circunstância, estão dispensados do serviço docente. “Se não há dinheiro, os directores e subdirectores das escolas e o presidente e o vice-presidente do IPS têm de dar o exemplo e ir dar aulas. Actualmente recebem um complemento salarial bastante generoso para exercerem estes cargos e estão dispensados de dar aulas. São mordomias do tempo das vacas gordas que não têm razão de existir nos dias de hoje”, diz ao nosso jornal um docente que preferiu não ser identificado. Ao todo são cerca de 15 professores dispensados de dar aulas devido aos cargos de direcção que ocupam.Justino salienta as medidas de contenção de custos que têm vindo a ser tomadas: “De 2013 para 2014, o IPSantarem reduziu o seu orçamento de funcionamento em perto de 30%. Para 2015 continuaremos com esta política muito rigorosa de contenção de gastos de funcionamento interno. Os gastos com pessoal, sendo menos compressíveis, terão também de descer, de modo a acomodar mais um corte, em cima dos cortes sucessivos, que a tutela nos tem imposto nos últimos anos”.Colocação de alunos na primeira fase aumentouApesar da realidade financeira do IPS não dar grandes motivos para festejar, ainda há razões de regozijo na instituição, como a de na primeira fase de candidaturas ao ensino superior terem sido colocados 437 novos alunos, mais 40 do que no ano passado. “Significa isto que no que respeita aos colocados da primeira fase do concurso nacional de acesso, o IPSantarém foi o quinto politécnico que mais cresceu, quer em números absolutos, quer em percentagem”, lê-se na nota de imprensa emitida pelo IPS para assinalar o facto.O Instituto Politécnico de Santarém integra cinco escolas superiores: Agrária; Educação; Gestão e Tecnologia; Saúde; e Desporto (Rio Maior).
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