Sempre fui trabalhador estudante. Em criança não me lembro de ter uma profissão de sonho. Frequentei um curso profissional de Técnico de Telecomunicações que era ministrado nas escolas da Armada em Vila Franca de Xira. Mais tarde, quando já trabalhava, comecei a estudar Engenharia Electrotécnica, em regime nocturno, no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL). Quando regressei, por motivos de trabalho, a esta zona acabei por completar a minha formação académica superior no Politécnico de Leiria (IPL). O meu primeiro emprego, com 19 anos, foi no Arsenal do Alfeite, uma empresa pública que dá assistência à Marinha Portuguesa. Trabalhava no departamento de telecomunicações. Na escola secundária sempre tive mais facilidade em matemática do que em letras e, desde sempre, estive desperto para a área da electricidade, gostando de solucionar problemas eléctricos. A apetência por adquirir mais conhecimentos e seguir este mundo levou a que quisesse tirar um curso superior de engenharia. Foi um percurso que considero natural. Depois, ingressei na Telecel, que veio a ser Vodafone, onde ainda me mantenho actualmente. Acabei o curso com 30 anos.Nunca fiz parte de uma associação ou colectividade mas, entre os 16 e os 18 anos, frequentei o Conservatório de Tomar. Estudei até ao 3.º ano de piano. Tinha um colega que tocava viola e eu, por graça, tocava piano. Chegámos a formar um grupo de música denominado “Bar Aberto” e tocávamos ao vivo. Voltei a experienciar a música há dois anos mas no “Canto Novo”, na Golegã. Só lá estive um ano porque o tempo que tenho livre não é muito. A decisão de deixar Leiria e regressar para a zona de Torres Novas pareceu-nos, a certa altura, a mais acertada. Talvez o fizesse por uma questão de conforto pessoal pois era daqui. Tenho deixado as coisas acontecerem naturalmente. Quando surgiu o “boom” das energias renováveis nós éramos os representantes de uma empresa para o distrito de Santarém. A partir daí começamos a desenvolver este projecto nas energias renováveis e sempre estivemos na vanguarda. A empresa foi fundada há oito anos, inicialmente como RF Soluções. Em casa tentamos não falar de trabalho. Eu tenho mais essa tentação do que a minha esposa, Rosalina. Levo os assuntos na cabeça e tenho que falar deles em casa. Ao sábado também trabalho e descanso, de vez em quando, ao domingo. Tenho um filho, o André, que vai fazer nove anos e temos que ter disponibilidade para ele. Temos um grande apoio da minha família, pai, mãe (quando era viva) e irmã.Gostava de fazer uma travessia de Portugal em bicicleta. O meu escape, ao domingo de manhã, passa por ir andar de bicicleta. Há cerca de um ano comecei a pedalar sozinho mas agora já faço parte do Grupo de Cicloturismo Barquinhense e damos umas voltas programadas. Temos quatro cães e quatro gatos em casa e, por vezes, tiram-me do sério quando fazem disparates (risos). Temos um espaço próprio para eles estarem. Já tentei cozinhar mas não é a minha praia. Deixo isso para os profissionais. Gosto mais de bricolage. De fazer pequenos arranjos domésticos. Não gosto de futebol e não sou adepto de nenhum clube. Já tive aversão à bola mas agora é um assunto que não me aquece nem me arrefece. Actualmente tenho uma visão mais optimista da vida. Nunca reajo a quente perante uma situação ou problema imprevisto. Tento sempre ponderar antes de agir e, desse modo, o imprevisto deixa de ser um imprevisto porque já passou algum tempo. Temos que ter um “software base” e gosto de me rodear de pessoas com as quais me identifico. Sou ambicioso q.b. À medida que vamos ficando mais velhos tomamos noção da realidade e começamos a dar mais valor a certas coisas que não dávamos aos vinte anos. Não tenho um lema de vida espelhado numa frase mas tento sempre agir de acordo com a minha consciência.Elsa Ribeiro Gonçalves