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Fleumático Serafim das Neves

Eu também gosto muito de Assembleias Municipais mas não é por durarem até às quatro da manhã como em Alpiarça. É mais por causa do ambiente institucional que se cria em algumas delas, com os eleitos a tratarem-se uns aos outros por senhores deputados. Aquilo é senhor deputado para aqui, senhor deputado para ali, de tal maneira que em determinadas alturas até chego a acreditar que estou em Lisboa na Assembleia da República. Dou por mim a pensar naquela história do outro que não podendo comer a galinha encomendou uma canja. Ou seja, sendo as senhas de presença dos eleitos das assembleias municipais uma ridicularia quando comparadas com os ordenados dos deputados mesmo deputados, acho que aqueles salamaleques são usados como uma forma de compensação. Mesmo assim, vou continuar a reivindicar o alargamento do pagamento de senhas de presença aos cidadãos que assistem às sessões das assembleias. Se eles aguentam aquilo tudo sem poderem abrir o bico, acho que também têm direito à sua canjinha...perdão...à sua senhazinha.Mas de Alpiarça não vêm apenas notícias de Assembleias Municipais que se arrastam pela madrugada. Esta semana fiquei a saber que a ex-presidente da câmara, Vanda Nunes, foi condenada pelo Tribunal de Contas por ter mantido por mais de sessenta dias uma Chefe de Divisão em regime de substituição. Diz o juiz que tratou do assunto e da senhora, aplicando-lhe uma pastilha de mais de dois mil euros, que ela lesou as finanças públicas. Mas a parte mais didáctica da sentença, que espero venha a revolucionar a política nacional ainda mais que o novo partido anti-partidos do Marinho e Pinto. É quando o juiz, a propósito da ex-autarca ter alegado que ninguém lhe disse que a situação era ilegal, diz que se ela não se rodeou de pessoal capaz de a avisar para coisas daquelas, nunca deveria ter aceite ser presidente da câmara. E diz mais, o meritíssimo. E aqui cito tal e qual li, para não haver dúvidas. “Se não era capaz, se não dava conta do serviço, tinha a obrigação de tal confessar e, ou não aceitar o cargo ou, posteriormente, ceder o lugar a outro autarca, mais capacitado. Com efeito, exercer um cargo público para o qual não se está preparado revela já de si uma violação dos deveres de cuidado e de diligência.”. Companheiro Serafim das Neves, quem fala assim não é gago, como diria o povo. Eu por mim acho que aquelas duas linhas devem ser incluídas na Constituição e com caracteres dourados. Repito o que li e aquilo soa melhor que um dos dez mandamentos. Não matarás. Não roubarás. Não exercerás cargos públicos se fores nabo. Depois do Tribunal Constitucional vem agora o Tribunal de Contas meter ordem na política. Um dia destes em vez de eleições autárquicas vamos ter eleições jurádicas ou coisa que o valha. E a democracia? Passará a jurídiacia? Fiquei a saber que os enfermeiros que fazem greve ganham os dias à mesma desde que estejam nos piquetes de greve. E que quem controla a entrada e saída nos piquetes é o sindicato. Se eu fosse enfermeiro fazia sempre greve. Lutar pelos meus direitos e ser pago por isso é extremamente aliciante. Claro que tinha que fazer os tais serviços mínimos mas o que são serviços mínimos comparados com os serviços máximos e o trabalho a mata-cavalos que os enfermeiros dizem fazer todos os dias? E digo-te mais. Primeiro começava por exigir ao sindicato mais greves. Depois exigia que o piquete metesse nos serviços mínimos mais elementos do que aqueles que costumam trabalhar em cada turno. E finalmente exigia a redução dos turnos para metade. E ai do dirigente sindical que recusasse. Pimba...fazia logo uma greve que ele até ia de lado!Saudações grevistas Manuel Serra d’Aire

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