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União Atlético Povoense vive dias difíceis e o futuro está ameaçado

Presidente do clube da Póvoa de Santa Iria faz para O MIRANTE um balanço dos problemas que estão a afectar o dia-a-dia da colectividade e admite até a possibilidade de encerramento de toda a actividade desportiva se nada se alterar.

O União Atlético Povoense está a atravessar uma das fases mais complicadas da sua existência, com graves problemas financeiros e dificuldades de tesouraria que fazem antever a possibilidade do eventual encerramento das portas caso nada se altere na situação presente. Quem o afirma é António Fonseca, o presidente deste clube fundado em 1942 e que é o maior clube da maior cidade do concelho de Vila Franca de Xira.“Por muito que me custe dizê-lo, a verdade é que o clube tem tendência para fechar as suas portas se nada acontecer que venha mudar esta situação que estamos a viver neste momento”, afirma António Fonseca que estima um prazo inferior a um ano como o máximo que será possível aguentar nestas circunstâncias. “Eu consigo aguentar mais uns meses, talvez um ano, mas mais do que isso não consigo. A gente empurra com a barriga mas a verdade é que o clube não tem receitas para fazer face aos compromissos e eu cheguei ao limite em termos de capitais pessoais que tenho investidos aqui no clube e que já somam cerca de 60.000 euros. Cheguei a um ponto em que tive que fechar a torneira e por isso agora nota-se mais a situação precária que o clube está a viver”, explica o presidente, que se diz também um pouco desiludido com o abandono que sente por parte da população. “Às vezes parece que o clube não existe para a população. Há uma distância que eu gostaria que não existisse e que as pessoas voltassem a olhar para este clube como o clube da sua terra e colaborassem para o seu engrandecimento”, garante.PJ investiga contas do clubeOs problemas do União Atlético Povoense são de diversa ordem e as responsabilidades estão longe de estarem apuradas, embora grande parte das situações se reportem à gestão anterior à tomada de posse de António Fonseca como presidente da direcção, ocorrida há cerca de quatro anos. Isso não impediu, porém, que este responsável fosse chamado à Polícia Judiciária para prestar declarações no âmbito de uma investigação que está a decorrer às contas do clube, como aconteceu recentemente. “É verdade que fui chamado à Polícia Judiciária para prestar declarações e eles já por várias vezes aqui estiveram a recolher documentos para essa investigação que aponta para o desaparecimento de verbas significativas da contabilidade do clube que mais parecia uma mercearia com papelinhos a justificar entradas e saídas de dinheiros que ninguém sabe muito bem onde foram parar”, conta António Fonseca, que rejeita qualquer tipo de responsabilidade nessas situações por serem anteriores à sua gestão.“Tudo isso se passou antes de eu ser presidente do clube e eu próprio nessa altura estranhei que as contribuições que fazia não tivessem recibos como deve ser, apenas uns papéis brancos com a importância e mais nada, como aconteceu várias vezes com importâncias que me eram pedidas e que eu dava, como outros terão feito também”, recorda, fazendo questão de afirmar que não considera o anterior presidente uma pessoa desonesta: “Só acho que ele se rodeou de pessoas que não interessavam a ninguém e que só aqui andavam a cuidar dos seus próprios interesses e não dos interesses do clube”. Negócio com a SONAE pode ser tábua de salvaçãoNeste cenário desanimador e preocupante, apenas uma solução se apresenta no horizonte como a salvação possível para o União Atlético Povoense. Trata-se de um negócio que há vários meses está em cima da mesa das negociações entre o clube e a SONAE, nomeadamente com a cadeia de supermercados Continente, e que passa pela alienação de um terreno para a construção de um hipermercado naquele local. O negócio estará perto da sua concretização e apenas dependente de alguns acertos de natureza jurídica e acima de tudo da existência de vontade política para o efeito, afirma o presidente.“Não lhe posso dizer uma data certa para a concretização do negócio, apenas lhe posso garantir que está 90 ou 95% conseguido. O grande problema aqui são as politiquices, se quer saber. Toda a gente quis complicar, uns não estavam de acordo porque era comercial, outros porque faltava não sei o quê e no meio disto tudo o financiador que eu encontrei e que trouxe para este negócio fez as suas contas e levantou alguns problemas que estamos agora a tentar resolver”, explica António Fonseca.O responsável diz esperar que estes problemas se resolvam de uma vez porque o tempo vai passando e os compromissos do clube não esperam. “Só as inscrições que pagamos na Associação de Futebol referentes às várias categorias ascendem aos 30 mil euros, os custos de gás de três em três meses vão aos 1.700 euros para encher o depósito, mais os salários, custos de manutenção dos equipamentos e muitos, muitos outros…”, elucida.

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