Pai e filho unidos pelo acordeão
António Graça apaixonou-se pelo som do acordeão e começou a tocar de ouvido no tempo em que não havia dinheiro para comprar um instrumento caro para a época. O acordeonista, autodidacta, alugava os acordeões para ir tocar aos bailes na antiga casa de instrumentos de Figueira Padeiro na Rua Serpa Pinto, a “rua direita” para os mais antigos, no centro de Santarém. O músico, que agora só pode tocar sentado porque foi operado à coluna, costumava animar os bailes, sobretudo nas épocas das vindimas quando se faziam os antigos bailes das barroas e onde não havia só danças. Embalados pelo som do acordeão lá se faziam uns arranjinhos que acabavam noutro tipo de danças debaixo das cepas. António entretém o tempo agora entre duas artes, a de tocar em alguns bailes à moda antiga, como aconteceu recentemente na Portela das Padeiras, no salão da Cruz de Cristo Futebol Clube, e a de engraxar sapatos. Quem o quiser encontrar com a sua caixa de graxas e escovas é passar pelo Largo do Seminário. Acontece por vezes tocar a duo com o filho, Pedro Graça, que já teve escola aprendendo com os profissionais do acordeão. O jovem acordeonista de 25 anos costuma dar aos dedos nas actuações de ranchos folclóricos e noutros tipos de espectáculos. E confessa que ser músico lhe dá prazer e até ajuda a arranjar namoradas que provavelmente se sentem embaladas pelos sons característicos de um instrumento que requer muita destreza. António Palmeiro
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