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Exposição sobre José-Alberto Marques retrata vivências de um poeta mais visual que literário

Exposição sobre José-Alberto Marques retrata vivências de um poeta mais visual que literário

Livros, recortes de jornais, fotografias, objectos pessoais, um tabuleiro de xadrez e uma mecha dos seus cabelos de infância são apenas alguns dos elementos que podem ser apreciados, até 3 de Janeiro, na Biblioteca Municipal de Abrantes.

Tinha 24 anos. Era professor na Covilhã, onde dava aulas de Português e História. Natural de Torres Novas, apanhava o comboio quando se deslocava para o seu local de trabalho. Um dia, no início de mais um ano lectivo, o comboio parou na estação de Abrantes. Saiu para beber um café e nunca mais se lembrou de que ele não esperava. As duas malas seguiram viagem e ele decidiu apanhar um táxi até ao centro da cidade. Ali chegado, parou perto do café “Pelicano” e perguntou onde era a escola mais próxima, para pedir emprego como professor. Queria ficar mais perto de casa. Foi deste modo que o poeta e autor José-Alberto Marques chegou a Abrantes, nos anos 60, terra que adoptou, ali vivendo e trabalhando desde então. “Subi as escadas, falei com o contínuo que me levou até ao director. Olhou para o horário e disse que só havia vagas para dar Francês. Mesmo sem dominar a disciplina, que aprendi por meio de um gravador e auscultadores, aceitei ficar”, contou.A história foi revelada durante a inauguração da exposição “50 Anos de Vida Literária” de José-Alberto Marques, patente na Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes, até dia 3 de Janeiro. Livros, filmes, entrevistas, documentos históricos, recortes de jornais, fotografias de infância, objectos pessoais, um tabuleiro de xadrez personalizado e até uma mecha de cabelo de quando era criança são apenas alguns dos elementos que podem ser apreciados nesta exposição, inaugurada na quinta-feira, 13 de Novembro.A mostra pretende homenagear o autor que, apesar de ser natural de Torres Novas, adoptou Abrantes como sua terra, ali vivendo e trabalhando desde os anos 60. Por isso, perante duas dezenas de pessoas, recebeu com emoção o “Foral” da cidade, da presidente da câmara, Maria do Céu Albuquerque. Na ocasião, foi ainda apresentado pelo seu amigo Fernando Aguiar, “Biblioteca Pessoal”, o mais recente livro de José-Alberto Marques, descrito como “um livro habitado de tensos e apurados versos”. Encantando a plateia com o seu sentido de humor refinado, o homenageado, que antes do lançamento do livro conduziu os presentes numa visita guiada à exposição, deixou que a emoção tomasse conta de si em vários momentos da noite, revelando ainda que escreve sempre os seus poemas à mão. Aliás, a sessão terminou com a leitura de um poema original, que escreveu num papel de guardanapo, cruzado com a música do saxofone do maestro José Miguel Rodrigues, em mais um dos muitos momentos experimentais da sua vida, coroada por diversas performances.Um currículo de excelênciaRadicado em Abrantes desde a década de 1960, José-Alberto Marques foi professor efectivo de Português na Escola D. Miguel de Almeida. Das diversas actividades de intervenção cultural e artística, destaca-se a participação nos dois números da revista Poesia Experimental (1964, 1966) e na ‘Conferência-Objecto’ (Galeria Quadrante, 1967). Recebeu o 1º Prémio Nacional de Literatura Infanto-juvenil nas comemorações dos 20 anos do 25 de Abril, com o livro “A Magia dos Sinais” (1996). A sua obra em livro inclui poesia, ficção, teatro e literatura infanto-juvenil. Participou em exposições colectivas de poesia concreta e visual e de arte postal e a exposição individual Homeóstatos e Visuais (1999, Biblioteca Municipal António Botto, Abrantes). Em 1996 recebeu a Medalha da cidade de Abrantes.José-Alberto Marques está representado na colecção de poesia Alma Nova, da editora O MIRANTE, com a obra “Eu disse que Baudelaire andava a pé”.
Exposição sobre José-Alberto Marques retrata vivências de um poeta mais visual que literário

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