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Fotografia a preto e branco continua a ganhar adeptos apesar da invasão digital

Fotografia a preto e branco continua a ganhar adeptos apesar da invasão digital

Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira abriu no último fim-de-semana no Celeiro da Patriarcal

No dia em que abriu ao público a 13ª edição da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, a única mostra nacional dedicada a esta arte, O MIRANTE reuniu o consenso dos fotógrafos: imagens fortes são sempre a preto e branco.

Numa era de fotografia digital, programas informáticos de melhoramento de imagem e HDR (sobreposição de fotos com diferentes cores), a maioria dos fotógrafos continua a gostar de disparar a preto e branco, como se fazia antes de 1935. No dia em que abriu ao público a 13ª edição da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, O MIRANTE reuniu o consenso dos fotógrafos: imagens fortes são sempre a preto e branco. E isso nota-se pela quantidade de imagens mono-tonais presentes em exposição.“Sou um apaixonado pelo preto e branco e identifico-me mais com esse tipo de imagem porque todas as minhas referências gráficas são nesse tom”, confessa Tiago Lopes, 24 anos. Tiago vive no Sobralinho e venceu a categoria “Concelho”. “Para mim fotografia tem de ser a preto e branco. Mas depende muito do olhar das pessoas e do sentido que queiram dar a uma imagem”, acrescenta Débora Durão, 21 anos, de Vila Franca de Xira, que tem seis fotos em exposição. A grande vencedora desta edição da Bienal foi Luísa Baeta, que vive em Alpiarça e é professora no Instituto Português de Fotografia. Ganhou o prémio principal com um conjunto de fotografias do Patacão envolto em nevoeiro cerrado. “Para mim não existe diferença entre uma imagem a cores ou a preto e branco. A fotografia em si é que interessa e não tanto a técnica. Tudo é válido desde que a imagem que queremos passar seja interessante e valha a pena mostrar. Seja em processo fotoquímico ou digital”, explica.Quem partilha dessa opinião é Nuno Moura. Tem 51 anos, é de Lisboa e foi o vencedor da categoria “tauromaquia”, com um conjunto de imagens dos forcados de Vila Franca de Xira, que tirou ao longo de vários anos de trabalho, acompanhando o grupo. Trabalha por temas e recentemente andou um mês a viver com monges franciscanos. “Sou puro amador, vendo algumas fotos mas dou grande parte delas. Fotografia para mim é a preto e branco. Sobretudo as pessoas, ganham outra intensidade se forem fotografadas a preto e branco”, confirma. Uma das suas imagens fortes é a de um forcado, de rosto sofrido, encostado a uma parede com o negro do sangue a cobrir-lhe as vestes. Está numa das paredes da exposição.Outros fotógrafos mantêm a opinião que a massificação da fotografia - em telefones, tablets e máquinas com botões de “automático” - vieram permitir uma aproximação a esta forma de arte, mas também uma falsa ilusão de que toda a gente que fotografa é artista. O amor pelo preto e branco é, para muitos, uma tentativa de regresso às origens desta arte, criada no final de 1800 por um grupo de pensadores que sonhava captar o momento.Patente no Celeiro da Patriarcal até 18 de Janeiro de 2015, a Bienal de Fotografia inclui quatro centenas de trabalhos seleccionados pelo júri, de entre mais de meio milhar de imagens apresentadas a concurso. Além desta mostra principal há também um conjunto de mostras paralelas, com os trabalhos que não passaram no crivo principal.25 Anos de imagensA Bienal é organizada desde 1989 pela Câmara de Vila Franca de Xira e mantém-se como a única em território nacional. Alberto Mesquita, presidente do município, disse tratar-se de um motivo de orgulho e de uma manifestação da força cultural do concelho. Garantiu, na abertura da BF14, que a mostra é para continuar e, se possível, crescer ainda mais. Os participantes vêm de todos os pontos do país.Entre as entidades convidadas para a Bienal estão também associações, escolas e institutos nacionais. Caso da Associação de Artistas Plásticos do concelho de VFX, Grupo de Artistas e Amigos da Arte de Vila Franca de Xira, Associação Portuguesa de Arte Fotográfica, Centro de Arte e Comunicação Visual, Escola Técnica de Imagem e Comunicação, Instituto de Artes Visuais Design e Marketing, Instituto Português de Fotografia, Escola de Artes Visuais, Movimento de Expressão Fotográfica, Escola Prática de Fotografia e Sociedade Nacional de Belas Artes.
Fotografia a preto e branco continua a ganhar adeptos apesar da invasão digital

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