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“Gaibéus” continua actual 75 anos depois da sua primeira edição

“Gaibéus” continua actual 75 anos depois da sua primeira edição

Sessão em Vila Franca de Xira assinalou livro de Alves Redol que deu início à corrente neo-realista

Romance conta a vida dos jornaleiros que trabalhavam na monda do arroz nas lezírias do Ribatejo. Gente pobre de outras terras que era alugada para fazer trabalho duro, de sol a sol, bastante mal pago.

Já passaram 75 anos desde que a obra “Gaibéus”, do vila-franquense Alves Redol, foi editada em livro. É considerado por muitos como a obra que dá o pontapé de saída para a corrente neo-realista que se viria a estabelecer no país e que tinha no concelho de Vila Franca de Xira uma das suas expressões máximas. Isto apesar de Alves Redol pedir no prefácio que o livro não fosse considerado uma obra de arte. Numa sessão evocativa dos 75 anos de “Gaibéus”, realizada pela Cooperativa Alves Redol e pela Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo na noite de 13 de Novembro em Vila Franca de Xira, saltou à vista a certeza que muitos dos seus temas continuam actuais, sobretudo os sacrifícios das classes trabalhadoras, o desprezo dos patrões, a luta de classes, a desigualdade e a precariedade laboral. Um livro que, relatando uma realidade dos anos 30 do século XX, consegue ainda hoje encontrar paralelo no mercado laboral e económico do país e da região. Manuel Gusmão, professor da Faculdade de Letras, foi o convidado para falar sobre o livro. Focou-se mais na estrutura narrativa da obra do que no seu impacto junto dos leitores e da sociedade mas notou a inovação de Redol ao fazer um “romance jornalístico”. “É aqui que Alves Redol se começa a interessar pelo estudo etnográfico, pelo povo. Este é um projecto que ligou a ficção à antropologia, que era algo inédito”, notou. O Teatro do Zero participou na sessão lendo trechos da obra e do diário do escritor, onde este reflectia sobre “Gaibéus”. Redol admitia que o livro fora “um sadio combate da juventude”, que nasceu “quando muitos morriam por nós” na Segunda Guerra Mundial. “Foi consciência alertada antes de ser romance”, escrevia.“Gaibéus” conta a vida dos jornaleiros que trabalhavam na monda do arroz nas lezírias do Ribatejo e que eram conhecidos por esse nome. Gente pobre de outras terras que era alugada para fazer trabalho duro, de sol a sol, bastante mal pago. O livro debruça-se sobre os maus-tratos que os gaibéus sofriam, as más condições de trabalho, a exploração, o abismo social, a resignação e a consciência revolucionária de outros.
“Gaibéus” continua actual 75 anos depois da sua primeira edição

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