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Alfredo Amante

Alfredo Amante

Professor, 58 anos, Santarém

“Penso que o processo de mudança da sociedade tem ajudado a desligar as pessoas da vida cultural. O nosso mundo está cada vez mais individualista. As pessoas têm os seus trabalhos, as suas coisas e o tempo torna-se curto. Até mesmo entre amigos é difícil por vezes as pessoas se juntarem como acontecia antes”* * *“Apesar de ser professor de Educação Física e de ter estado sempre envolvido no mundo do desporto, nunca tive o hábito de me benzer ou de fazer qualquer outro ritual como é comum acontecer com a maioria dos atletas. Se vir um gato preto à noite ou tiver de passar por baixo de uma escada não fico preocupado”

Ainda vale a pena tirar um curso superior?O conhecimento é um bem precioso que fica sempre acima de tudo. Devíamos tirar um curso para termos o nosso emprego e o nosso trabalho, mas hoje em dia as coisas já não funcionam assim. Tenho falado com muitos jovens e tantas vezes eles me dizem: “vou tirar um curso para ir para o desemprego?”. Acho que os jovens não se podem ficar por este pensamento e devem acreditar que há sempre uma luz ao fundo do túnel. O conhecimento não ocupa lugar e também é bom se nos conseguirmos realizar pessoalmente a este nível.As crianças são hoje muito materialistas?São um pouco... Falo por mim, que também sou pai. A verdade é que hoje os pais têm falta de tempo e tentam compensar as crianças com outro tipo de bens. Continuo a achar que o importante é transmitir valores e princípios e que os bens materiais não devem acabar por ser o rebuçado para o menino que se portou bem.Que pensamento guia a sua vida?“Princípios”. É um valor que eu gosto de ter sempre presente, porque a nossa vida deve ser essencialmente norteada por princípios éticos e morais no caminho que vamos percorrendo. O respeito pelas pessoas, a solidariedade e a fraternidade são para mim elementos básicos ao nível da nossa vida.Seria capaz de perdoar uma traição?Seria... Muitas vezes as coisas acabam até por acontecer por situações onde não é possível encontrar uma lógica. O importante é o diálogo e desde que as pessoas se consigam compreender, a comunicação é o bem fundamental do ser humano.É aficionado?Gosto, naturalmente. Para ser sincero já não vou aos touros há muito tempo. Quando era mais jovem ia com muita frequência, mas a partir de uma determinada idade comecei a ir menos. Acho que é um espectáculo que temos de tentar preservar pois faz parte da nossa cultura apesar de existirem sentimentos diferentes.Acha que as pessoas estão mais desligadas da vida cultural?Penso que o processo de mudança da sociedade tem ajudado a desligar as pessoas da vida cultural. O nosso mundo está cada vez mais individualista. As pessoas têm os seus trabalhos, as suas coisas e o tempo torna-se curto. Até mesmo entre amigos é difícil por vezes as pessoas se juntarem como acontecia antes.A que pequenos luxos gosta de se dar?Não sei bem se é um luxo, mas adoro actividades relacionadas com o plano aquático, como por exemplo o ski náutico. Gosto de ir passear a qualquer lado ao fim-de-semana e conhecer coisas diferentes. Não diria que são luxos, mas pequenos prazeres complementares à vida normal do dia-a-dia.Devia-se falar mais sobre educação sexual nas escolas?Penso que não é necessário uma disciplina, mas todos os professores devem ter a preocupação de abordar este tema. Afinal de contas, o papel do professor é ajudar os jovens a crescer e estar ao lado deles em todo este processo de crescimento.É a favor do celibato religioso?Não posso dizer se sou contra ou a favor porque não tenho uma ideia formada sobre essa matéria, mas acho que o celibato deveria ser uma opção pessoal. Quando a nossa liberdade começa a pôr em causa a dos outros deixa de ser liberdade e passa a ser usurpação.É uma pessoa supersticiosa?Por acaso não. Apesar de ser professor de Educação Física e de ter estado sempre envolvido no mundo do desporto, nunca tive o hábito de me benzer ou de fazer qualquer outro ritual como é comum acontecer com a maioria dos atletas. Se vir um gato preto à noite ou tiver de passar por baixo de uma escada não fico preocupado.Concorda com a proibição de fumar em restaurantes e cafés?Fui fumador durante muitos anos (risos). Só deixei de fumar há cerca de dez anos e não me incomoda o fumo dos outros. O essencial é que fumadores e não fumadores se respeitem uns aos outros. Por exemplo, quando era fumador e ia jantar a um restaurante nunca fumava quando os outros ainda estavam a acabar de comer.
Alfredo Amante

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