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“Se eu fosse poder a Escola da Armada seria a minha prioridade”

“Se eu fosse poder a Escola da Armada seria a minha prioridade”

Vítor Silva, empresário, 68 anos, vereador substituto pela Coligação Novo Rumo, diz em entrevista a O MIRANTE que sem recuperar os terrenos da Escola da Armada e o edifício do velho hospital não haverá desenvolvimento em Vila Franca de Xira.

Um ano depois das últimas autárquicas Vítor Silva, vereador da Coligação Novo Rumo, liderada pelo PSD, confessa que gostava de ter um papel mais relevante na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, para além de ser vereador substituto. Nunca se considerou político mas sim alguém que gosta de exercer a sua cidadania. Diz que o futuro de Vila Franca de Xira passa pela recuperação do Vila Franca Centro, do antigo Hospital e das escolas da Armada, admitindo que a coligação está disponível para apoiar uma proposta que os socialistas apresentem visando a recuperação daquele espaço. Opina que as últimas eleições foram uma “oportunidade perdida” para a coligação e que João de Carvalho não esteve à altura dos objectivos do PSD. Foi uma oportunidade perdida por parte do PSD, reconhece, tendo em conta o fim de mandato de Maria da Luz Rosinha.Tem aparecido em bastantes reuniões de câmara mas apenas como vereador substituto. Agrada-lhe esse papel? Evidentemente que não e gostava de ser mais participativo, porque tenho experiência e um currículo que fala por mim. Tenho muito contacto no terreno e gostava de ter uma acção muito mais participativa para conseguir dar um contributo maior nas políticas do concelho. Se for convidado para ter uma acção muito mais participativa na parte de gestão estou disponível.E para ser cabeça de lista nas próximas eleições? Isso não sei, estou a ficar gasto e cansado. Estamos a três anos de distância e já tenho 68 anos. Vejo esse lugar para uma pessoa mais nova. O Rui Rei neste momento é uma pessoa com capacidades para preencher esses requisitos. Se ele entretanto for a votos como cabeça de lista tudo bem, tem experiência, é arguto e perspicaz, vejo-o com condições para isso. Se eu vir que ainda tenho todas as condições intelectuais e físicas para ter uma participação activa então continuarei a participar.João de Carvalho foi uma desilusão nas últimas eleições? Os socialistas ganharam outra vez a câmara por demérito nosso. O João é uma pessoa bem formada e com quem dá gosto conviver mas não tem perfil para ser presidente de câmara. Faz um bom vereador da cultura. No entanto, e na minha opinião, não foi a melhor aposta para ser cabeça de lista. Estas eleições foram uma oportunidade perdida e o João de Carvalho não era o meu candidato, não era a pessoa indicada e custou-nos muito eleitorado. Não reconhecer isso é não ter olhos na cara.É fácil trabalhar com Alberto Mesquita? O presidente é uma pessoa que me tem surpreendido pela positiva, pela maneira como tem sabido conduzir as reuniões de câmara, tem sido uma pessoa cordata, procurando o diálogo e com a experiência que tem, acumulada ao longo dos mandatos, está a fazer um bom trabalho.O PSD não vai criar guerras políticas para desgastar a governação do PS ? O PSD até está interessado, para bem do concelho, em fazer alguns acordos com o PS. Os eleitos da CDU são pessoas sérias mas estão atrasadas no tempo em termos de ideias, projectos, metodologias no terreno e em criar empatia com outras forças. Hoje em dia para gerir uma câmara é preciso ousadia e temos visto alguma na gestão que tem sido feita. Considero que fazemos uma oposição construtiva, temos apresentado soluções que têm sido aproveitadas pela maioria. É fundamental criar actividade económica. Temos de dar as mãos e o PS tem de fazer um esforço para que sejamos todos necessários para dotar o concelho de actividade económica que possa proporcionar melhor bem-estar a todos os residentes. Quero dizer com tudo isto que o PSD quer ganhar um dia a câmara de Vila Franca de Xira mas mostrando trabalho e não fazendo demagogia.A actividade económica no concelho já conheceu melhores dias. Se tivesse essa responsabilidade política o que mudava? Há três equipamentos fundamentais que têm contribuído para a morte lenta de VFX: a escola da Armada, o antigo Hospital e o Vila Franca Centro. Enquanto estes três equipamentos não tiverem uma solução a cidade não cresce e não entra numa fase de maior desenvolvimento. A câmara tem de encarar a hipótese de ficar com os terrenos da Armada, fazer ali um campo de lazer e jogos para a população e uma área empresarial que capte unidades âncora para promover o desenvolvimento de toda esta faixa ribeirinha. É um espaço perfeito para start-ups, tecnológicas, com condições muito boas. A coligação viabilizará sempre uma solução que o PS apresente para aquele local. Faremos de tudo porque também está na nossa perspectiva encontrar uma solução para a Marinha. Se eu fosse poder aquela seria a minha prioridade.Nas últimas reuniões parece que a Coligação tem feito mais oposição à CDU que ao PS. Concorda com essa forma de fazer política? Pessoalmente a minha maneira de estar não é em confronto permanente, não gosto de assistir àquelas coisas. Mas está no sangue e na maneira de ser do Rui Rei. Para o bem e para o mal ele vai ter os resultados da sua forma de estar na política.Somos um concelho que recebe bem os empresários? VFX não é um desses concelhos mas espero que venha a ser mais. Veja-se a Embraer, não ficou em Alverca porque não tinha apoios. Nunca fomos um concelho com parques industriais dinamizados pelo município com preços simbólicos, como acontece noutros concelhos vizinhos. O gabinete de apoio ao investidor é uma boa ideia mas precisa de mais dinamização. É importante haver na câmara um gabinete mais especializado de apoio aos empresários e que os ajudem a tratar de solicitações para evitar toda a burocracia que às vezes mata logo à partida as oportunidades. O nosso PDM também tem de ser revisto.Estar com amigos é uma paixãoVítor Silva nasceu a 31 de Julho de 1946 em Alhandra. Sempre viveu em Alhandra até se divorciar recentemente. Gosta imenso de cinema, sobretudo filmes de ficção sobre temas actuais. Sempre que pode dedica o seu tempo à leitura, sobretudo de ensaios e trabalhos de áreas económicas e de gestão. Para Vítor Silva televisão só para ver os noticiários. Gosta de estar cercado de amigos e todos os sábados, às 13h00, vai para uma tertúlia na Ericeira onde se junta com mais de três dezenas de pessoas. Tem também uma tertúlia em Alhandra. Ultimamente tem andado a fazer uma hora de caminhadas por dia. Entusiasma-o a possibilidade de se navegar no Tejo até à Castanheira do Ribatejo e diz que defende que o novo museu da tauromaquia se chame Museu do Tejo e da Tauromaquia, aliando duas das marcas mais identitárias da região.Um cidadão na políticaVítor Silva faz a diferença na vereação da Câmara de Vila Franca de Xira quando se senta no seu lugar de vereador. É aquilo a que costumamos chamar o cidadão vestindo a pele de político porque a cidadania assim o exige. O MIRANTE entrevistou-o no seu gabinete de trabalho, no centro da vila de Alhandra, e antes da conversa que aqui reproduzimos, Vítor Silva desfiou um rol de recordações do tempo em que era sócio da Cimpor e a sua actividade empresarial estava no auge. A sua empresa chegou a ter mais de meio milhar de trabalhadores. Uma foto numa das paredes do edifício quase desabitado, onde se adivinha que em tempos trabalhou muita gente, mostra uma frota automóvel de cerca de 20 carros. Hoje é tudo mais calmo e a meio da nossa conversa fez questão de atender o telemóvel com uma chamada de uma vendedora, segundo confessou, a única que tem na rua.O filho ligou-lhe para o telemóvel a meio da nossa conversa mas foi do seu pai que mais se lembrou sempre que falava da vida de outros tempos. Confessou que fica a dever ao pai tudo o que fez dele um homem sereno, batalhador e agora um pouco mais sábio à medida que o tempo vai passando. O pai nunca lhe faltou com trabalho e foi com essa tarimba que se fez homem e sempre enfrentou a vida com as muitas alegrias e também desilusões, embora por norma seja uma pessoa positiva.Alhandra está a perder dinamismoPara Vítor Silva a vila de Alhandra, de onde é natural e onde residiu durante toda a vida, está “fraquinha”. O empresário confessa que gostava de ver a terra com mais dinâmica industrial e comercial como antigamente. Fica furioso quando ouve gente a dizer que Alhandra é um dormitório e elege o espírito associativo como um dos seus grandes atributos. Refere que o actual executivo comunista tem conseguido fazer alguma obra e dinamizado o comércio. Sobre a polémica venda do ouro de Sousa Martins diz que não se opõe, desde que haja controlo e se saiba onde serão aplicadas as verbas resultantes da venda. Sobre a fábrica de cimento que existe na sua terra Vítor Silva reconhece que as recentes administrações já não se relacionam tanto com a comunidade como antigamente. “A população além de ser expectante já não é tão tolerante como era noutros tempos. Tem havido muitas falhas. As pessoas quando se sentem prejudicadas em permanência têm de reagir de uma maneira diferente. A população já não tem uma ligação afectiva com a Cimpor tão grande como antigamente”, defende.
“Se eu fosse poder a Escola da Armada seria a minha prioridade”

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