A comida “robusta” do restaurante O Corticeiro e a história de vida do chefe Luís Vieira
Começou por estar atrás de um balcão com dois anos de idade na taberna dos pais
Aprendeu a cozinhar com a mãe. Esteve oito anos emigrado na Suíça com a esposa Isabel Margarida mas nunca provou comida daquelas bandas. Os seus clientes regulares são pessoas de trabalho e muito alimento. A ementa é feita a pensar neles. Cozido à portuguesa, feijoada, pernil, queixadas de porco, entrecosto grelhado, grão com bacalhau e ensopado de borrego
O restaurante fica na estrada norte da Chamusca, do lado da Golegã, no nº 10 da Avenida Jesuíno Magano. Chama-se O Corticeiro e é conhecido de gente de muito trabalho e de muito alimento. A ementa não é copiada da “Nouvelle Cuisine” nem de qualquer programa tipo Master Chef ou similar. Ali quem manda na cozinha é Luís Vieira, natural da Chamusca de onde saiu durante oito anos para ir à Suíça, mais a esposa Isabel Margarida, ganhar dinheiro suficiente para montar o negócio. Os pratos são robustos e honram a chamada cozinha mediterrânica. A comida do Chefe Luís Vieira, que além de chefe é gerente, barista, patrão, empregado e tudo o mais que lhe calhe em sorte, é comida caseira, aprendida com a mãe, que cozinhava na taberna que a família tinha na vila. O prato mais famoso é servido aos sábados. O famoso cozido à portuguesa, variante O Corticeiro. Outros manjares que fazem as delícias dos clientes são feijoada, pernil, queixadas de porco, entrecosto grelhado, grão com bacalhau e ensopado de borrego. Para cada dia há uma alternativa. No dia em que O MIRANTE lá foi eram joaquinzinhos. A sala é de pé alto. Tem quadros de azulejos com cenas da retirada da cortiça dos sobreiros. Há sempre sopa para quem gosta de sopa. Pratos típicos da Chamusca como a Couve a Soco com bacalhau assado só por encomenda.Os vinhos são do Ribatejo. O vinho da casa é de Alcanhões ou de Alpiarça. Há sempre sopa. Os produtos hortícolas são fornecidos por produtores locais. Normalmente O Corticeiro só serve almoços. Jantares só para grupos e por encomenda. Durante a Ascensão o sistema mantém-se e a ementa também. O centro da vila onde se desenrolam os espectáculos fica a pouco mais de um quilómetro. Mesmo assim, na Quinta-feira da Ascensão aparece sempre mais gente. Os clientes regulares pegam ao trabalho cedo e por isso almoçam cedo. Geralmente chegam por volta do meio dia. São camionistas, pedreiros, carpinteiros. A maior parte é de fora do concelho.Luís Vieira e a esposa vieram da Suíça em 1999. Enquanto lá estiveram não provaram comida local. Cozinhavam comida portuguesa. Só assim conseguiram aguentar. “O vinho era do Cartaxo. As sardinhas eram de Peniche. Claro que comprávamos carne e cerveja mas pouco mais”, diz. Acrescenta que por ele tinha continuado emigrado porque pelo menos havia trabalho e dinheiro mas as saudades da esposa falaram mais alto.O filho de Luís Vieira tirou hotelaria e trabalha em Fátima. Já avisou o patrão que faz o 13 de Maio mas que o dia seguinte, Quinta-feira da Ascensão, vai passá-lo com os pais e os amigos na Chamusca. O filho é cozinheiro em Fátima. Chama-se Nuno Miguel, tem 25 anos e o pai bem o avisou que se fosse para hotelaria ia para uma prisão sem estar preso. Como todos os filhos, também ele não ligou ao pai e foi estudar hotelaria. “Ele deve ter pensado que eu estava a brincar mas por enquanto está contente. E eu também estou contente, até porque ele e a mulher resolveram que este Natal nos vão dar um neto como prenda”, conta. Adepto da festa brava e do convívio com os amigos, Luís Vieira poucas vezes vai ao centro da vila durante a festa da Ascensão. “Há 16 anos que não vejo a entrada de toiros de Quinta-feira. À hora que ela acontece estou no restaurante a atender os primeiros clientes”, explica.
Mais Notícias
A carregar...