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Dicionário de Minderico-Português/Português-Minderico apresentado em Minde

Dicionário de Minderico-Português/Português-Minderico apresentado em Minde

Vera Ferreira desenvolveu o estudo daquela língua da região durante catorze anos

A língua tem centena e meia de falantes activos e mil falantes passivos. O dicionário contém 2254 entradas e uma versão digital, com exemplos contextualizados através de áudio e vídeo.

Foi apresentado na tarde de domingo, 3 de Maio, em Minde, o dicionário bilingue e bidireccional, Piação - Português e Português - Minderico, criado e editado pelo CIDLeS - Centro Interdisciplinar de Documentação Linguística e Social, com sede naquela localidade do concelho de Alcanena. Por motivos de saúde a principal impulsionadora do projecto, a professora, linguista e investigadora, Vera Ferreira, não pôde estar presente. Rita Pedro do CIDLeS leu um texto que a mesma enviou agradecendo a todos os que com ela colaboraram nos últimos 14 anos. O minderico é uma língua ameaçada falada em Minde e Mira de Aire, por uma comunidade de 150 falantes activos e 1000 falantes passivos. A edição impressa do dicionário, com um total de 2254 entradas, é acompanhado por uma senha de acesso a uma versão digital que contém um conjunto de informações adicionais, nomeadamente elementos áudio de cada lexema, exemplos contextualizados com áudio, vídeos que exemplificam a utilização da língua, fotografias e detalhes extra que contextualizam e fundamentam a etimologia de cada lexema. Para além de Vera Ferreira a equipa, multidisciplinar e internacional do projecto do dicionário, integrou o professor Paulo Carvalho Vicente, especialista em história nacional e europeia, e os alemães Llona Schulze, investigadora da área das questões culturais e Peter Bouda. A autora agradeceu a colaboração de inúmeras pessoas da comunidade como Agostinho Nogueira que fez recolhas, Elsa Nogueira e Carlos Alberto Jorge, falantes de minderico que ajudaram na produção dos registos sonoros e foram consultores no domínio das análises semânticas e fonéticas, Abílio Madeira Martins que forneceu informações históricas e às várias pessoas (Celeste Mourão, Jorge Formiga, Jorge Grave, Maria Alzira Roque Gameiro, Ofélia Grave, Fátima Capela, Carlos Amoroso e Maria Clara Gameiro) que ajudaram a implementar um ciclo de aulas semanais da língua. Foi ainda feita uma referência ao Agrupamento de Escolas de Alcanena pela implementação do minderico na escola local.Elaborado numa perspectiva interdisciplinar, o dicionário, ao contrário dos demais, alia a história, os estudos culturais e sociais e a informática à linguística. Para tal foi feita uma inventariação exaustiva do léxico minderico, recorrendo sempre a dados primários (resultantes do trabalho directo com os informantes sob a forma de entrevistas (livres e com estímulo) e gravações de eventos comunicativos com e sem participação activa do investigador), a fontes linguísticas, históricas, geográficas e culturais existentes e a resultados de investigação anteriormente desenvolvida. Para os autores mais do que um simples dicionário, trata-se de uma enciclopédia do minderico.Em Maio de 2009, Vera Ferreira contou a O MIRANTE que tinha começado a interessar-se pelo minderico por causa de um livro oferecido pelo pai, numa altura em que estudava línguas em Coimbra. Mais tarde conseguiu apoio da Fundação Volkswagen, que tinha um programa de documentação de línguas ameaçadas para a revitalização do minderico, tendo iniciado recolha de documentação e promovido aulas com a ajuda de falantes da língua. “O minderico foi uma linguagem secreta. Não é calão. Até porque esta era uma linguagem dominante e utilizada em muitos contextos e foi passada de pais para filhos”, explicou na altura.
Dicionário de Minderico-Português/Português-Minderico apresentado em Minde

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