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Uma dupla incansável na promoção da gastronomia ribatejana

Uma dupla incansável na promoção da gastronomia ribatejana

Festival de Gastronomia da Lezíria Ribatejana decorre em Samora Correia até domingo

João e Fernanda Braga participam na iniciativa desde a sua criação e este ano lá estão novamente para dar a provar os seus petiscos, tal como os cozinheiros de várias outras colectividades da freguesia.

Entre o fumo do fogareiro de onde saem o torricado, as febras e os bifes e sempre com um copo de água ao lado para acalmar o calor do lume, João Braga aparece com ar sorridente, ostentando a mesma alegria com que há 27 anos inaugurou o Festival de Gastronomia da Lezíria Ribatejana, iniciativa que se repete em Samora Correia este ano, de 3 a 12 de Julho, na Praça da República.Na cozinha está quem mais sabe sobre como alimentar com qualidade as milhares de pessoas que se esperam na iniciativa. João toma conta do fogareiro ao lado da mulher, Fernanda, que se ocupa das frigideiras. “Vamos rodando as posições aqui na cozinha. Inaugurei aqui uma tasquinha há 27 anos. Tenho notado imensas diferenças, é totalmente diferente de quando isto começou. Na altura eram os restaurantes, agora são as colectividades que cozinham. É o primeiro ano que estou aqui na AREPA para ajudar da melhor maneira que sei e posso”, confessa Fernanda, que completa 71 anos este mês.As muitas horas por dia que vai passar na cozinha não a assustam. Aliás, entusiasmam-na. “Estou aqui porque estou a ajudar o rancho. Tomámos as rédeas disto, fazemos por gosto, não somos profissionais, ajudamos e espero que as coisas saiam bem. A partir de agora é de manhã à noite. Estou sempre pronta para ajudar a minha terra. Era jardineira na junta de freguesia, agora sou reformada. Tenho saudades desses tempos, porque era sinal de que era mais nova. Mas aqui estou feliz, isto é uma família”, realça, com um sorriso nos lábios.Fernanda confessa que, ao fim 12 horas a cozinhar, já não lhe sobra espaço para comer nada a não ser uma sopa, mas confessa-se fã do torricado do marido. E João faz questão de caprichar em cada um dos que faz sair da grelha onde o lume já crepita.“Faço isto desde o primeiro ano. Nasci no campo, numa herdade, e comecei a fazer comida desta desde muito cedo. O torricado faz-se no chão, é diferente deste aqui, mas a finalidade é a mesma. Sempre o fiz com bacalhau, há quem goste dele com febras, mas eu prefiro este. O pão tem de ser do dia anterior para se tornar mais rijo, o lume tem de ser brando, depois o pão é passado com alho e azeite e junta-se o bacalhau já assado”, explica João.“Isto dá-me anos de vida”João foi um dos fundadores do festival e nota as mudanças de ano para ano. Confessa que gosta mais do formato desde que foram as colectividades a tomar conta das cozinhas. “Muitos dos restaurantes que fundaram isto já não existem. Os restaurantes eram profissionais, mas às vezes faziam no restaurante e traziam para aqui. Nós fazemos aqui, numa base de amadorismo. Estamos em família, por isso as coisas são feitas com mais carinho”, salienta.Lá fora, as mesas já estão cheias de bocas famintas e João apressa os pedidos, mas sempre com a voz serena de quem sabe o que faz e de quem gosta de o fazer. “Enquanto puder não largo isto. Sou reformado, fiz muita coisa, fui soldador nos últimos 35 anos, mas sempre ligado à agricultura. Sou de Salvaterra de Magos, fui sempre criado na agricultura, depois fui por outro caminho. Mas isto é que conta para mim, dá-me anos de vida”, concluiu.
Uma dupla incansável na promoção da gastronomia ribatejana

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