Assembleia Municipal de Santarém dá parecer negativo a restauração de quatro freguesias
Projectos de lei do PCP foram chumbados pela maioria PSD, que acusou os comunistas de eleitoralismo
A Assembleia Municipal de Santarém deu parecer negativo aos projectos de lei do PCP que defendem a restauração das freguesias de S. Vicente do Paul, Vale de Figueira, Vaqueiros e Casével, que foram transformadas em uniões de freguesias na reforma administrativa implementada pelo Governo em 2013.A votação foi equilibrada: no caso das freguesias de S. Vicente do Paul e Vale de Figueira, que actualmente formam uma união de freguesias, deram parecer negativo 20 deputados (a maioria do PSD) e parecer positivo 19, registando-se ainda duas abstenções. Quanto às freguesias de Vaqueiros e Casével, que constituem também uma união de freguesias, deram parecer negativo 20 deputados e parecer positivo 18, contando-se três abstenções. Votaram contra os eleitos do PSD, CDS e a favor as bancadas do PS, CDU e Bloco de Esquerda. O presidente da União de Freguesias de S. Vicente do Paul e Vale de Figueira, Ricardo Costa, votou favoravelmente a restauração dessas duas freguesias e absteve-se no caso de Vaqueiros e Casével. Já o presidente desta última união de freguesias, Carlos Trigo, absteve-se em ambas as votações.Durante a discussão, os projectos de lei do PCP foram criticados principalmente pela bancada do PSD e por Carlos Trigo. Ramiro Matos (PSD) disse que as propostas do PCP “não passam de um fait-divers político” e que têm “objectivos eleitoralistas óbvios”, acusando o PCP de querer apenas recuperar as juntas de Vale de Figueira e de Vaqueiros. Quanto a Carlos Trigo, também referiu que se trata de uma medida eleitoralista e disse que houve uma mudança de opinião no PCP. “Há dois anos eram contra todas as uniões de freguesias e neste momento só são contra algumas”, afirmou, questionando o PCP sobre o porquê de ter levado à assembleia municipal os casos de S. Vicente do Paul e Vale de Figueira e Vaqueiros e Casével e de não o ter feito com as restantes uniões de freguesias do concelho.O deputado municipal da CDU José Luís Cabrita respondeu que “não é verdade” que o objectivo dos projectos de lei seja recuperar as juntas de freguesias que já foram da CDU e disse que a proposta do PCP incidiu sobre essas duas uniões de freguesias porque foi nelas que houve maior contestação aquando da reforma administrativa de 2013.“A luta continua”No período aberto ao público falaram cidadãos das duas uniões de freguesias. Maria do Carmo Silveira, eleita da CDU na Assembleia de Freguesia de Casével e Vaqueiros, disse que a reforma administrativa tem servido apenas para encerrar serviços fundamentais ao desenvolvimento das localidades e que o processo foi “muito confuso” desde o início. “As pessoas não sentem que os seus problemas são resolvidos. Muito pelo contrário, os problemas têm-se agravado. Queremos que esta figura da união de freguesias não sirva mais de capote ao encerramento de serviços. Queremos servir as populações, queremos estar próximos das populações. A luta continua”, concluiu Maria do Carmo Silveira.Já José Saldanha Jorge, candidato na freguesia de Vale de Figueira pela CDU nas autárquicas de 2009, dirigiu-se a Ramiro Matos e à bancada do PSD: “Os senhores na altura não questionaram a população de Vale de Figueira, onde se fizeram 800 e tal assinaturas (contra a união de freguesias). Os senhores nessa altura não falaram em democracia. Para quê? Os senhores não são democratas”, afirmou.Durante uma segunda intervenção de Ramiro Matos sobre o tema, o público presente, de Vale de Figueira e Vaqueiros, abandonou a sala da assembleia municipal como forma de protesto.
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