Viagens ao Brasil são arma de arremesso político em Santarém
Presidente da câmara fez as contas a pedido da oposição e chegou à conclusão que as deslocações feitas pelas comitivas lideradas por Moita Flores, em 2011, custaram bem menos do que as viagens feitas em 2001 e anos anteriores, quando o PS geria o município.
As viagens ao Brasil realizadas em 2011 pelo então presidente da Câmara de Santarém, Moita Flores (PSD), e outros elementos ligados à autarquia, custaram cerca de 23 mil euros, bem menos do que os 52 mil euros pagos pelas viagens de comitivas do município escalabitano realizadas em 2001, quando era presidente o socialista José Miguel Noras.Esses dados foram revelados pelo actual presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), que há mais de um ano vinha sendo confrontado pela oposição na assembleia municipal com a questão dos custos das viagens ao Brasil realizadas no tempo de Moita Flores. Na última sessão da assembleia municipal, realizada a 30 de Junho, o socialista Tiago Preguiça voltou à carga e desta vez teve uma resposta concreta do presidente da câmara. Ricardo Gonçalves disse também que os números apresentados não serão definitivos, pois há outras viagens ao Brasil anteriores a 2001 cujos valores não foram ainda apurados.A oposição socialista tem tentado explorar politicamente essa questão - associada ao abortado protocolo que a Câmara de Santarém tinha previsto firmar com o Jockey Club de São Paulo e que esteve na origem das duas viagens a terras brasileiras em 2011 - mas Ricardo Gonçalves resolveu ir mais longe, até aos tempos da gestão socialista, onde as viagens ao outro lado do Atlântico também foram regulares e, pelos vistos, bem mais dispendiosas.Cooperação com Brasil já vem de longeA cooperação entre Santarém e o Brasil conheceu um forte incremento no tempo de José Miguel Noras como presidente da Câmara de Santarém. Foi nesse período, de 1992 a 2002, que, entre outras medidas e acções, foi criado o consulado do Brasil em Santarém e recuperada a casa onde se diz ter vivido Pedro Álvares Cabral, hoje Casa do Brasil, em cuja inauguração esteve o então presidente da república brasileira, Fernando Henrique Cardoso.A propósito do assunto, José Miguel Noras fez chegar um esclarecimento ao nosso jornal onde refere: “em cerca de 30 deslocações oficiais ao Brasil (efectuadas de 1974 a 2014), Santarém gastou bem menos de metade do valor recebido daquele país, no mesmo período. Com efeito, só de uma assentada, a Câmara de Santarém arrecadou 350 mil dólares, limpos, destinados à reconstrução da Casa do Brasil. Este apoio decorreu das missões dos autarcas escalabitanos ao país-irmão, um gesto retribuído com duas visitas oficiais (em 1998 e em 2000) pelo Presidente do Brasil a Santarém”. E Miguel Noras acrescenta: “A análise detalhada dos custos e dos benefícios das cerca de 30 missões oficiais ao Brasil, realizadas em quatro décadas, será publicada em livro sobre a relação de Santarém com o Brasil, solicitado/encomendado pelo senhor presidente da câmara, no pretérito dia 21 de Junho, em Amiais de Baixo. (...) Tais estudos permitem sublinhar, desde já, que Santarém, a cidade portuguesa mais condecorada pelo Brasil, é, quanto a vantagens obtidas nas suas missões, um espelho nacional, pedindo meças a qualquer outra autarquia”.
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