“Existe uma grande falta de responsabilização sobre quem abandona animais”
Rita Calouro é sócia gerente do Hospital Veterinário de Santarém
Tem como “pacientes” sobretudo cães e gatos, embora também apareçam outros animais como chinchilas, coelhos-anões e lagartos.
Desde criança que Rita Calouro, 37 anos, gosta de animais e já nessa altura sonhava ser veterinária. Apesar de viverem no campo, em Santarém, a sua mãe não queria animais em casa mas Rita levava “bicharocos”, como lagartixas e ratos pequenos, para dentro de casa e escondia-os debaixo da cama para ninguém dar por nada. Só tinha medo de aranhas. Quando frequentava o 10º ano encontrou uma ninhada de gatos na rua e levou um para casa. O animal esteve lá em casa durante algum tempo sem ninguém saber de nada. “Quando a minha mãe descobriu foi um choque mas aceitou que o gato ficasse connosco. Foi o nosso primeiro animal de estimação, o Sebastião. Tive que o levar logo ao veterinário e foi com esse gato que comecei a descobrir e a entusiasmar-me ainda mais pela profissão de veterinária”, recorda a O MIRANTE.Rita Calouro começou a perceber que o seu caminho profissional seria por ali. Com o Sebastião assistiu à primeira castração e percebeu que queria ser veterinária. Licenciou-se na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa. Assim que terminou o curso, em 2002, começou por trabalhar em clínicas na zona da capital. Fez um estágio em pequenos animais (cães e gatos) em Madrid (Espanha), o que a deixou fascinada. Quando regressou a Portugal realizou um estágio em bovinos de leite, uma experiência que garante ter sido “muito enriquecedora”. Depois disso decidiu regressar ao Ribatejo e abriu uma clínica em Alpiarça, onde esteve durante cinco anos.Há cerca de cinco anos resolveu abrir um Hospital Veterinário em Santarém (HVS). Na altura não havia nenhum na cidade e tanto Rita como as suas sócias acharam que seria a melhor maneira de entrar no mercado escalabitano. Além do hospital, Rita Calouro também dá aulas na Escola Agrária de Santarém, num curso de especialização tecnológica. O convite surgiu há cerca de três anos e apanhou a veterinária de surpresa. No entanto, está a gostar muito da experiência.Abandono de animais continua a aumentarOs pacientes do Hospital Veterinário de Santarém são sobretudo cães e gatos, embora também apareçam outros animais como chinchilas, coelhos-anões e lagartos. Uma vez apareceu-lhes um dragão barbudo. “Quando nos aparecem animais exóticos encaminhamo-los para uma clínica que é especialista nesta área. Nos coelhos fazemos consultas de rotina e vacinação mas se for mais alguma coisa também reencaminhamos”, explica. As doenças mais comuns que aparecem para tratar são a Leishmaniose e Parvoviroses. A situação mais caricata que já lhe aconteceu foi tratar de um leão bebé que estava num circo e tinha uma luxação. Como o veterinário estava ausente chamaram Rita Calouro. Confessa que não teve medo porque o animal estava acompanhado pelo tratador. No final, ainda tirou uma fotografia com o leão como recordação.Apesar das campanhas publicitárias serem cada vez maiores, Rita Calouro constata que o abandono de animais continua a aumentar. A veterinária considera que existe uma “falta de responsabilização” dos donos. “Quando os animais são pequenos são muito giros. Depois quando surge algum problema na família o animal é o primeiro a ser descartado. Quando se adopta tem que se pensar que será por um período longo, entre dez a 15 anos. O problema é que as pessoas esquecem-se disso”, lamenta.Rita Calouro admite que é muito fácil criar laços de afecto com os animais. A veterinária recorda um cão que costumava passar férias no HVS e durante o ano, como vivia ali perto, costumava aparecer à porta do edifício. As veterinárias tinham que telefonar ao dono para o ir buscar. “Quando ele morreu foi muito difícil, estávamos muito habituadas a ele. Foi um cão que nos marcou muito, porque passava muito tempo com ele”, conclui.
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