Notificado para pagar dívida à Segurança Social como gerente de uma associação que nunca geriu
Caso com contornos estranhos foi exposto na última reunião do executivo da Câmara de Santarém
José Luís Cabrita, autarca da CDU em Santarém, é apontado como sendo gerente da Associação Festival Nacional de Gastronomia desde 1994. E nessa qualidade foi notificado para pagar uma dívida à Segurança Social. O visado diz que é um absurdo e que vai contestar.
José Luís Cabrita ficou perplexo quando recentemente recebeu uma notificação da Segurança Social a exigir-lhe a liquidação de uma soma a rondar os 120 euros, na qualidade de gerente da Associação Festival Nacional de Gastronomia, pela remuneração feita a um colaborador dessa entidade durante a edição de 2010 do festival, relativamente à qual não terá sido paga a devida contribuição.A surpresa de Cabrita - eleito da CDU na Assembleia Municipal de Santarém e um dos principais rostos do PCP na cidade na última década e meia - foi confessada pelo próprio na última reunião de câmara. É que o visado garante que nunca foi gerente dessa associação, actualmente inactiva e cujos órgãos sociais eram compostos essencialmente por pessoas nomeadas pelo município e pela extinta Região de Turismo do Ribatejo, as entidades que organizavam o Festival Nacional de Gastronomia. José Luís Cabrita assegura que a única ligação aos órgãos sociais da Associação Festival Nacional de Gastronomia foi entre 2002 e 2005, indicado pela Câmara de Santarém em representação da CDU. Mas nunca como gerente do festival. E muito menos desde 1994, conforme lhe indicaram na Segurança Social quando foi reclamar pela primeira vez. “Quero agradecer a confiança que depositaram em mim para ser gerente do Festival Nacional de Gastronomia, mas não posso deixar de lamentar que só 21 anos decorridos após a nomeação me tenham dito que ocupava esse cargo”, disse com ironia na reunião de câmara onde manifestou a sua indignação e pediu a intervenção do presidente da autarquia, Ricardo Gonçalves, para ajudar a esclarecer o equívoco.“Foi uma sacanice”O autarca comunista diz que há ainda outros dados estranhos neste processo. Como o que se prende com o facto de o pagamento em causa ter sido feito em 2010, quando o Festival de Gastronomia já não foi organizado pela associação com o mesmo nome, mas por outra criada nesse ano pelos então presidentes da Câmara de Santarém (Moita Flores) e da Entidade de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo (sucessora da Região de Turismo do Ribatejo), Joaquim Rosa do Céu, e que tinha o nome de Santarém Capital da Gastronomia. Ora, se a Associação Festival Nacional de Gastronomia não organizou a edição de 2010, como é que aparece um pagamento feito em nome dessa entidade? E por que razão não foi feito o respectivo desconto para a Segurança Social? Essas são outras questões para as quais Cabrita gostava de ter respostas. Para já vai tentar saber junto dos organismos públicos como é que o seu nome aparece como gerente de uma associação que está desactivada há muito tempo, embora nunca tenha sido extinta formalmente como o próprio já por várias vezes defendeu em sessões da assembleia municipal. “Alguém pôs lá o meu nome. Foi uma sacanice”, referiu,Além de José Luís Cabrita, foram ainda notificados para pagar uma soma semelhante à Segurança Social o antigo presidente do Festival de Gastronomia e da Região de Turismo do Ribatejo (RTR), Carlos Abreu, e Armindo Pinhão, também antigo dirigente da RTR e pessoa igualmente ligada à organização do festival durante muitos anos.O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, considerou o caso “estranho”, referiu que já houve tentativas para a extinção da Associação Festival Nacional de Gastronomia sem êxito e disse que iria ajudar José Luís Cabrita no que pudesse.
Mais Notícias
A carregar...