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Fatias de Cá no Palácio Marquês da Fronteira com o Rei Lear

Fatias de Cá no Palácio Marquês da Fronteira com o Rei Lear

O Grupo de Teatro Fatias de Cá estreou a peça Lear, uma tragédia teatral a partir de “King Lear” de William Shakespeare e de “Ran” de Akira Kurosaw. No argumento da obra, inspirado por antigas lendas britânicas, o rei enlouquece após ser traído por duas de suas três filhas, às quais havia legado o seu reino de maneira insensata.O Grupo de Tomar fez a estreia deste espectáculo no Palácio Marquês da Fronteira, em Lisboa, percorrendo várias salas, terraços e uma boa parte dos jardins. Carlos Carvalheiro encenou como é habitual no Fatias de Cá. A peça estreou em Lisboa mas vai ter reposição na aldeia da Brogueira, Torres Novas.A peça pode ser vista em Lisboa a 1 e a 3 de Novembro, inclui refeição a meio do espectáculo e, no final, o convívio com os actores. Vitor Hugo é o rei e Alexandra Carvalho interpreta o papel de Goneril, a má da fita. Apesar da estreia em dia chuvoso o espectáculo atraiu um público fiel que no final aplaudiu o grupo nos jardins do Palácio onde decorre a última cena da peça e a mais dramática.Carlos Carvalheiro encenou Lear de forma a que os actores percorressem duas das principais salas do Palácio, o belo terraço e os jardins que foram cenário para as últimas duas cenas. A chuva miudinha que caiu já de noite acabou por dar ainda mais encanto à cena final com os actores de mão dada no cimo da escadaria do jardim a receberem os aplausos depois de cerca de duas horas de teatro e convívio.Interpretação por ordem de entrada; Edmundo: Carlos Carvalheiro; Lear: Victor Hugo; Kent: Humberto Machado; Bobo: Gabriela de Azevedo; Regan: Joana Jacob; Goneril: Alexandra Carvalho; Cordélia: Patrícia Guerreiro; Albany: António Lourenço dos Santos; Rei de França: José Simões; Produção; Fatias de Cá - Lisboa; Parceria; Fundação dos Marqueses de Fronteira e Alorna; Cartaz; foto: Maria Antónia Coelho • Execução: MBV Design; regie; Teresa Moura; Acolhimento; Catarina Carvalho, Sofia Fonseca; Catering; Home Rest.ComentárioOs actores e a vida realO teatro promovido pelo Carlos Carvalheiro, encenador do Fatias de Cá, tem uma particularidade que é única e merece ser destacada. O encenador não se limita ao trabalho com os actores e à montagem do espectáculo; preocupa-se com o bem-estar dos espectadores e tenta que cada um deles viva uma experiência diferente cada vez que assiste a um dos espectáculos do Fatias de Cá. Nem sempre resulta porque há actores mais envergonhados e há espectadores ainda mais tímidos que fazem questão de fugir às regras estabelecidas, ou seja, há actores que fogem do chá final para poderem confraternizar com os espectadores e há espectadores que demoram a libertar-se dos pruridos quando chega a hora do convívio à mesa a meio do espectáculo. Mas o esforço não é inglório, na minha simples opinião, e deve continuar a marcar a diferença, embora possa roubar espectadores por causa dos preços proibitivos.Na estreia de Lear, e no final do espectáculo, os actores estavam cansados e percebeu-se perfeitamente que só ficaram para conviver aqueles que assumem a direcção do grupo e fazem questão de dar a cara para que a imagem da organização não fique em causa. Falamos de um pormenor mas que faz toda a diferença. O MIRANTE chegou ao Palácio Marquês da Fronteira por voltas das 16h30 e todos os actores já estavam dentro das instalações. Cinco horas depois os actores estavam a despir a roupa do faz de conta a a vestir a ganga da vida real. E muitos deles gostam de representar e de receber elogios mas a vida em casa espera e é muitas vezes tão cruel como a vida dos reis infelizes e dos seus familiares.Vítor Hugo é um bom exemplo do que acabamos de concluir. O actor amador da Chamusca tem quase 80 anos de vida, embora a representar tenha a energia de um jovem de 20, na vida real as coisas nem sempre são o que parecem. E para lhe roubarmos um abraço na despedida foi preciso vir ao seu encontro à entrada do Palácio já que a sua grande preocupação, assim que acabou a cena, foi regressar a correr à Chamusca para junto da mulher da sua vida. JAE
Fatias de Cá no Palácio Marquês da Fronteira com o Rei Lear

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