“Tenho pena de ver o centro de Vila Franca de Xira a definhar”
Miguel Falcão, 43 anos, é eleito na assembleia de freguesia da cidade
Miguel Falcão é eleito da coligação Novo Rumo na Assembleia de Freguesia de Vila Franca de Xira. Diz-se triste por ver definhar o centro da cidade, diz que é preciso dar mais atenção às zonas verdes e que a junta liderada pelo comunista Mário Calado tem de começar a dar o exemplo no que diz respeito ao excesso de publicidade espalhada pela cidade. Defende que os erros do PS é que deram a vitória à CDU nas últimas autárquicas e considera que Odete Silva deve ser o rosto do PSD na próxima corrida à câmara.
A cidade de Vila Franca de Xira está a decair e a definhar nos últimos anos e os políticos com responsabilidades de gestão devem olhar para o problema com seriedade e vontade de o resolver. Quem o diz é Miguel Falcão, 43 anos, eleito pela Coligação Novo Rumo (liderada pelo PSD) na Assembleia de Freguesia de Vila Franca de Xira.“Tenho pena de ver a cidade assim. Temos uma cidade com identidade que se tem vindo a perder por causa da degradação dos edifícios, sobretudo na zona antiga. Estamos a assistir a um definhar da cidade. Há questões que não têm solução, mas esta tem, havendo vontade das várias partes”, lamenta.Falcão fala também da perda de vivacidade do comércio e da restauração, mas aponta a culpa a outros factores, como as novas tecnologias e os atractivos que existem para a população ficar em casa. “Oiço dizer que antigamente é que era bom e que havia muita coisa mas tudo evolui e não podemos ficar agarrados ao passado. Não vejo isso como uma coisa negativa, é a evolução dos tempos. Mais importante que olhar para o passado é olhar para o futuro, perceber como podemos dar a volta a isto”, refere. Para o eleito, até as populares festas da cidade precisam de ser repensadas e adaptadas aos novos tempos. Tudo porque aquilo que os aficionados queriam no passado pode já não ser o que querem hoje. “A matriz deve manter-se mas há soluções que se podem repensar, até ao nível das esperas de toiros, para dar mais movimento à cidade. Por exemplo, os toiros param nas mangas e muitas vezes não andam em alguns locais. As áreas fechadas são muito vastas, poderia estudar-se a possibilidade de as fazer mais pequenas. Ou fazer sair os toiros por zonas em vez de fazer a caminhada toda ao longo da Serpa Pinto, por exemplo”, propõe.Miguel Falcão admite a O MIRANTE que não será “força de bloqueio” à gestão de Mário Calado. “Não foi nunca por culpa do PSD que alguém pôde dizer que não conseguiu gerir”, refere. Sendo também o presidente da assembleia de freguesia do seu partido [António Matos, CNR], Miguel Falcão dá um passo atrás na hora de julgar os dois anos de gestão de Mário Calado. Apesar de assegurar que não está alinhado com o poder, desdobra-se em elogios à gestão comunista. Mas deixa escapar algumas críticas: a falta de atenção dada às zonas mais rurais da freguesia e fora do eixo urbano, a falta de manutenção de várias zonas verdes e também o problema da publicidade exterior selvagem que prolifera na cidade. “Está na altura de regulamentar isso, começando até pela institucional, que prolifera por todo o lado. Tem de ser repensada a publicidade e quem manda tem de começar a dar o exemplo. Se quem manda não dá o exemplo torna-se difícil exigir isso aos outros”, critica.O eleito social-democrata faz um balanço positivo dos dois anos de mandato da coligação Novo Rumo e garante que faz um trabalho diferente do PS e da CDU, até por ser a primeira vez que está naquela bancada. Tem levantado questões, entre outros assuntos, sobre os transportes na cidade, reabilitação urbana e taxas cobradas aos munícipes. Lamenta também as constantes trocas de galhardetes que se ouvem nas assembleias entre as duas forças rivais, PS e CDU. “Muitas discussões que se geram no seio da assembleia são motivadas por coisas passadas. Temos diferenças na forma de estar, na atitude e postura. Seria vantajoso refrescar os nomes que integram as assembleias. Muitas vezes fala-se mais de política do que dos reais problemas da população”, lamenta. Uma das questões que diz ser importante o executivo CDU melhorar é a relação com a câmara, que lamenta estar “crispada”.Mário Calado venceu à custa de erros do PSO executivo CDU liderado por Mário Calado só venceu a junta de freguesia porque o Partido Socialista cometeu uma série de erros que lhe custaram a vitória, entende Miguel Falcão. O principal deles foi apostar nos mesmos nomes que já integravam o executivo depois da saída de José Fidalgo , incluindo Ana Câncio ou Ricardo Teixeira. “Foi um erro do PS ter apresentado os candidatos que apresentou. Sabendo que havia todas aquelas questões, ter voltado a apresentar os mesmos nomes foi mau. E os três primeiros dessa lista já nem estão na assembleia. Quando alguém ganha há mérito e demérito de alguém. No limite poderemos dizer que o Mário Calado venceu por culpa do PS. Quando se sabia os problemas que havia com o anterior executivo e se insiste nas mesmas pessoas isso torna mais fácil vencer”, considera. Falcão diz mesmo que “o que havia era um bocadinho mau” e por isso é fácil fazer melhor. Sobrinho de José Falcão com a aficion no peitoMiguel Ângelo da Silva Morgado Falcão nasceu e vive em Vila Franca de Xira, tem 43 anos e é sobrinho do matador de toiros José Falcão. É também neto de Mateus Falcão, saudoso bandarilheiro da cidade. Confessa que, na juventude, teve a “secreta ideia” de ser toureiro, mas a vida acabou por tomar outro rumo. “A morte do meu tio em 1974 mudou todo o rumo da minha família”, confessa. Tinha dois anos quando o tio, já uma celebridade, perdeu a vida numa praça de toiros em Espanha. Sente orgulho pelo tio e gostava de o ter conhecido. “Devia ser um homem extraordinário, pela forma como as pessoas falam dele, mesmo 40 anos depois da sua morte. Ele já passou mais tempo morto do que vivo e mesmo assim o sentimento de alegria com que falam dele é impressionante”, confessa.Miguel trabalha no município vilafranquense na divisão de planeamento financeiro. Nunca teve ambições políticas. Depois de pertencer a uma associação de estudantes entrou na Juventude Social-Democrata e foi fazendo parte de comissões políticas. Em 2001 aceitou o desafio de ser candidato à Junta da Castanheira mas não venceu. Contudo, aliou-se à CDU do então presidente Ventura Reis, para lhe dar maioria a troco de um lugar no executivo. “Foi uma experiência óptima, tinha 29 anos, estava cheio de garra. Pude ser a força de desbloqueio e ganhar experiência, conhecer coisas que a maioria das pessoas não imagina como funcionam”, relata. A tauromaquia é uma das suas paixões. Este ano concretizou o sonho de ir a Madrid ver uma corrida. “É um ambiente de outro mundo, não tem explicação”, confessa. Vai todos os dias a pé para o trabalho, gosta de fazer as compras para o dia-a-dia na cidade mas não abdica de ir também aos centros comerciais a Lisboa. Actualmente no carro anda a ouvir a ribatejana Ana Moura.Odete Silva para a corrida à câmaraPara Miguel Falcão o presidente da concelhia do PSD “deve ser” o candidato à câmara e, por isso, defende Odete Silva [actual deputada na Assembleia da República] como o nome que melhor se perfila ao desafio. “É o rosto do partido que se tem reunido com o movimento associativo, que dá a cara. Se na altura liderar o partido, deverá ser a candidata”, defende. Sobre João de Carvalho, o último candidato da coligação à câmara, o eleito afina pela mesma bitola dos seus companheiros: a derrota foi culpa da crise e do governo. “Provavelmente cometemos erros na gestão da campanha mas a situação a nível nacional contribuiu muito para a derrota”, admite.
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