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Falta de redes de cuidados continuados de psiquiatria continua a ser um problema

Falta de redes de cuidados continuados de psiquiatria continua a ser um problema

Serviço de psicologia do Hospital de Vila Franca de Xira já atendeu este ano mais de seis mil doentes

Depressões graves, psicoses como a esquizofrenia e a bipolaridade e perturbações da personalidade continuam a ser as patologias mais acompanhadas no hospital.

O Hospital de Vila Franca de Xira tem sido uma referência na região no tratamento de patologias associadas à doença mental mas depois a comunidade não tem estruturas que apoiem estes doentes quando regressam a casa.A falta de uma rede de cuidados continuados que possa albergar estas pessoas, cuidar delas e assegurar uma boa manutenção da medicação é um dos principais problemas a vencer para se dar a volta às doenças do foro mental. O alerta foi deixado na semana em que se assinalou, a 10 de Outubro, o Dia Mundial da Saúde Mental.“O desafio mais importante é, ao nível da comunidade, conseguir assegurar o seguimento destas pessoas após o internamento, seja em casos sociais seja nos casos em que é necessário maior apoio familiar. No papel existe uma rede de cuidados continuados na área da psiquiatria e saúde mental mas depois na prática é raro o doente que é encaminhado”, lamenta David Paniagua, enfermeiro-adjunto e especialista em psiquiatria da unidade hospitalar de Vila Franca de Xira.Outro dos desafios a vencer é o preconceito e a vergonha face à doença mental que ainda existe na sociedade. Para tentar contornar esse cenário, o átrio do hospital transformou-se na sexta-feira, 9 de Outubro, num auditório improvisado para uma peça de teatro aberta ao público e interpretada por utentes com doença mental.Actualmente o Hospital de Vila Franca de Xira tem 24 camas de internamento para os casos mais graves e há dois meses que a ocupação tem sido plena. “Temos vindo a perceber que a procura tem sido cada vez maior, as pessoas percebem que o hospital tem prestado cuidados de qualidade e tem sido conhecido pela comunidade, por isso cada vez mais gente pede ajuda”, explica o profissional.Desde o início do ano, a unidade de psiquiatria já atendeu mais de seis mil utentes. Mais de 350 pessoas já passaram pelo internamento desde o início do ano. Depressões graves, psicoses como a esquizofrenia e a bipolaridade e perturbações da personalidade continuam a ser as doenças mais acompanhadas. David Paniagua explica que nenhuma pessoa está livre de sofrer de uma destas patologias e recomenda que os sintomas sejam alvo de acompanhamento precoce.Ter uma alimentação saudável e praticar exercício físico são os segredos para manter uma mente forte. Mas há outros truques, conta. “Focalizar-se não apenas no trabalho mas também no lazer, ter uma vida fora do trabalho. Quando se está desempregado é muito importante ter uma ocupação, sobretudo durante a crise, as pessoas perderem 4 ou 5 horas por dia a procurar trabalho. Isso é fundamental para evitar depressões. Claro que depois há factores genéticos e ambientais mas aí cada situação tem de ser vista com outra particularidade”, refere.A importância dos medicamentosNo tratamento da doença mental manter uma correcta toma da medicação é fundamental. Mas não é fácil, admite David Paniagua, sobretudo se o doente não tiver acompanhamento familiar ou meios financeiros para suportar os custos da medicação quando está em casa.“A adesão à terapêutica preocupa-nos muito. Aqui no serviço foram criados vários grupos para acompanhar estas situações. Um dos factores mais importantes para prevenir as recaídas é uma correcta adesão à terapêutica. A crise faz aumentar estas situações de pessoas que não têm capacidade para comprar as medicações, que são caras. Às vezes os doentes chegam a gastar 60 euros por mês, sem contar com a comparticipação. A crise despoleta pequenas recaídas. A medicação de longa duração, que é injectável, varia entre 35 e os 70 euros mensais”, lamenta.
Falta de redes de cuidados continuados de psiquiatria continua a ser um problema

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