Fale-nos da sua vida profissional e da forma como lá chegou.A minha vida profissional começou cedo, aos 16 anos, porque queria ter alguma independência financeira e poder contribuir para as despesas da casa. Foi um percurso muito enriquecedor e diversificado, desde aprendiz de mecânico, passando por funções administrativas num escritório de advogados, até à especialização como Desenhador Projectista, na antiga e saudosa “Mague”. Entretanto a vontade de contribuir civicamente para a melhoria das condições de vida do país e do concelho levou-me à política. Fui eleito vereador da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira em 1993, onde me tenho mantido como autarca.A família ajuda e é parte importante da estratégia profissional? A minha família, e em particular a minha mulher e os meus filhos, tem sido o sustentáculo de toda a minha vida profissional e autárquica. Sem a sua compreensão e apoio não teria sido possível entregar-me da forma como tenho feito profissionalmente.Como classifica os recursos humanos disponíveis no mercado? Considero que a Escola devia estar mais próxima das empresas, em virtude de não existirem no mercado recursos humanos suficientes em áreas profissionais necessárias à actividade económica do país.Está preparado para tudo na sua vida profissional? Estou preparado para exercer, com espírito de missão, as minhas funções e disponível para, a cada dia, aprender sempre mais.Comente a situação actual do país onde vive e da sua região em particular. O país vive politicamente um momento histórico no seu trajecto democrático. Creio que estão a ser criadas as condições para a mudança de opção de governabilidade que tem vigorado nos últimos 40 anos, a que se convencionou chamar de “Arco do Governo”, cujos resultados não têm sido satisfatórios em termos sociais. No Município de Vila Franca de Xira, apesar do desemprego não ter uma expressão tão elevada como noutras regiões do país, também se verificam reflexos negativos das opções políticas seguidas pelo Governo. No entanto, a política social do município em parceria com a Rede Social do concelho, tem conseguido minimizar as dificuldades com que muitas famílias se têm deparado.A criação de postos de trabalho é absolutamente decisiva para a reanimação da nossa economia. A Câmara Municipal tem trabalhado no sentido de, por um lado, atrair cada vez mais empresas para o concelho; por outro, incentivar a criação de postos de trabalho, através, por exemplo, da implementação de incentivos fiscais para empresas. Apesar das dificuldades, estou optimista.Lembra-se da última vez que usou a bicicleta como meio de transporte? Sim. Às vezes, nas férias.Qual a tradição que nunca podemos deixar morrer? As tradições são a marca da nossa região, nomeadamente as ligadas à tauromaquia.O respeitinho é muito bonito? O que é bonito é sabermos estar em cada momento da nossa vida.A beleza é fundamental? Depende do que estamos a falar.O ensino do fandango devia ser obrigatório nas escolas ribatejanas? Preservar as nossas tradições é muito importante. Existem escolas do nosso município que têm preocupação com a recolha etnográfica.Já se sente à vontade a escrever com o novo Acordo Ortográfico? Não. Continuo a escrever sem o novo Acordo Ortográfico. Considero ter sido um erro grave, tanto mais que, maioritariamente, os países da CPLP ainda não o implementaram. No entanto, como a administração pública tem de aplicar o acordo, há sempre alguém que altera os meus textos na minha vida profissional.Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer? Não sei. No meu caso, deito-me tarde e levanto-me cedo.O que tem que fazer um homem para ser um verdadeiro homem? Ter carácter.O que seria para si uma tragédia? Em termos pessoais, seria alguém da minha família mais próxima vir a ter uma doença grave.Quem lhe contava histórias quando era criança? A minha mãe.Ler jornais é saber mais? Todos os jornais, apesar de tudo, têm artigos interessantes que acrescentam saber, pelo que vale a pena lê-los.Fazem falta mais mulheres na política? Obviamente que sim.Quais as qualidades que mais aprecia numa pessoa? Lealdade, generosidade e respeito pelos outros.Qual a promessa que fez a si próprio mais vezes no início de cada ano e que vai continuar a fazer porque ainda não conseguiu cumpri-la? Atempadamente planear as minhas férias e fazer as compras de Natal.Qual é o seu maior defeito? Por vezes, não ter paciência para conversas com pouca substância, vulgo “conversas da treta” – com excepção para as do saudoso António Feio com o José Pedro Gomes.Quais os personagens históricos que mais despreza? Os ditadores.O que é bom é para se ver? Com certeza.Alguma vez escreveu um poema? Fiz algumas tentativas.Há alguma coisa pela qual ainda valha a pena lutar até à morte se necessário for? Pelos valores e princípios que nos devem orientar na nossa vida. A Liberdade e a Democracia são causas pelas quais vale a pena lutar para as manter e desenvolver.Tem alguma superstição? Não passar por debaixo de escadas.Durante quanto tempo é capaz de guardar um segredo? Até me dispensarem de o guardar.Alguma vez deu sangue? Fui dador de sangue durante muitos anos.Se vir alguém deitar lixo para o chão diz-lhe alguma coisa? Pedagogicamente chamo à atenção.Alguma vez pediu o livro de reclamações? Que me lembre, não. Tenho conseguido resolver os problemas que vão surgindo.O mundo vai ter que falar mandarim ou os chineses é que vão passar a falar inglês? O mandarim vai ter cada vez mais importância no mundo. No nosso país, inclusivamente em Vila Franca de Xira, existe pelo menos uma escola que ensina mandarim. Os sectores mais importantes da economia do país estão a ser vendidos aos chineses, pelo que é imprescindível, no futuro, compreendê-los bem.A Justiça é igual para todos? A Justiça devia, de facto, ser igual para todos, no entanto, verifica-se, demasiadas vezes, que quem tem poder económico tem mais capacidade de resolver os seus problemas com a Justiça.Qual o seu prato preferido de bacalhau? Bacalhau assado.Sabe algum refrão de uma cantiga do Quim Barreiros? Sei e está relacionado com a pergunta anterior.Subscrevia uma proposta para termos outro hino nacional? Não.Alguma vez frequentou uma praia de nudismo? Não, mas em África, em praias desertas, fiz nudismo.Este Mundo está perdido? Não, apesar de atravessarmos momentos muito conturbados, vamos todos ultrapassá-los, tal como já fizemos em momentos muito mais difíceis ao longo da História.O que gostava de fazer e não faz para não cair no ridículo? Às vezes, gostava de não ter de cumprir certas regras de etiqueta e protocolo.O que sente quando vê pessoas a pagar promessas de joelhos em Fátima? É difícil de avaliar, uma vez que tem a ver com a espiritualidade de cada um. No entanto, a própria Igreja já se manifestou pouco confortável com estas manifestações de fé.Sente-se livre? A liberdade absoluta não creio que exista; há sempre algo que nos condiciona. Mas sinto-me bem com a minha forma de viver.Quantos verdadeiros amigos acha que tem? Poucos, mas bons. Aqueles que fariam por mim o que eu faria por eles, sempre que necessário.
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