Fale-nos da sua vida profissional e da forma como lá chegou. Assim que terminei os estudos em Engenharia Civil, iniciei funções numa empresa de construção civil e obras públicas, em direcção e gestão de obras. Do trabalho de apoio inicial à direcção de obra, comecei pouco depois a assumir na íntegra trabalhos que me foram sendo determinados. A dado momento, colaborei também numa vertente mais comercial, de relação directa não apenas com os representantes dos donos de obra, mas com os próprios, o que me conferiu naturalmente uma experiência importante. Passados 4 ou 5 anos nessa actividade, decidi dedicar-me em exclusivo a uma empresa familiar, de que já era sócio e que era então gerida pelo meu pai. Com a minha entrada passei gradualmente a assumir a sua gestão integral e, ao mesmo tempo, as funções que já antes desempenhara, apesar de a uma escala maior. Hoje, volvidos 15 anos, continua a ser a minha principal actividade, agora num contexto bem mais difícil, apesar dos notórios sinais de recuperação que, também neste sector, se vão fazendo sentir.A família ajuda e é parte importante da estratégia profissional? A minha empresa é familiar. A família teve por isso uma influência relevante em todo este processo. Hoje, passados estes anos, tem menos influência nas decisões e na estratégia a seguir. Mas ainda assim faço questão de tomar algumas decisões mais importantes em conjunto. Continua contudo a ser importante para mim sentir o seu apoio e sua confiança. A família é o meu porto de abrigo e por isso é importante em tudo o que faço.Como classifica os recursos humanos disponíveis no mercado? Depende. No sector da construção civil, em que trabalho, nota-se uma crescente falta de qualidade nos operários. Encontro nos mais antigos, fruto de uma aprendizagem diferente, num contexto de rigor mais exigente e mais profissional, genericamente mais qualidade. O que não significa que não apareçam outros, mais jovens, devidamente preparados, mas em menor quantidade. Em funções mais técnicas, julgo que temos hoje recursos muitíssimo bons, com boa formação e muito evoluídos sob esse ponto de vista. Pena que o mercado não tenha neste momento as dinâmicas suficientes para absorver todos. Em algumas actividades específicas, directamente relacionadas com a construção civil e mais dependentes da evolução tecnológica, noto uma nítida melhoria dos recursos humanos.Está preparado para tudo na sua vida profissional ? Para quase tudo. Já passei, fundamentalmente por razões de contexto, por situações muito diferenciadas, algumas até bem difíceis. Uma empresa como a nossa, que optou por não ultrapassar uma determinada escala naquilo que é a sua dimensão, viu-se de repente, como tantas e tantas outras, perante um cenário bastante difícil com uma quebra abrupta da procura. Acresce a isso que, num sector onde a diversificação da actividade ou uma especialização particular caem num círculo mais fechado, quando comparado com outros sectores de actividade, a margem para a criatividade é nitidamente menor, além de ser um sector entregue a si próprio, ao contrário de outros. Depois de tudo isto estou preparado para quase tudo. E digo quase porque coloco, ainda, algumas reticências, por exemplo, em procurar desafios longe daqui. Razões familiares inibem-me de equacionar, para já, essa opção.Comente a situação actual do país onde vive e da sua região em particular É um país numa situação difícil e débil, que ainda recentemente passou por um longo período de assistência financeira, depois de uma situação de pré bancarrota, com todas as consequências que conhecemos e daí decorreram. Mas os portugueses têm vindo a contribuir decisivamente para a nossa recuperação, com enormes sacrifícios, e estamos hoje numa situação nitidamente melhor, a diversos níveis, face ao que estávamos há uns anos atrás. Somos um país que precisa de dar passos relevantes ao nível da competitividade e do crescimento económico e ainda, ao mesmo tempo, que tem que procurar soluções que garantam a estabilidade social e o apoio solidário aos mais desprotegidos. Julgo que consolidar tudo isso levará ainda algum tempo, já que também defendo que tal deve ser feito num enquadramento de rigor das contas públicas. O pior que podia acontecer-nos a todos seria retroceder e termos que passar por tudo novamente. A nossa região, a Lezíria do Tejo, apresenta alguns índices de crescimento e de emprego acima dos registos nacionais, o que indicia que é uma região com potencial de estabilização e crescimento. O respeitinho é muito bonito? Mais do que muito bonito, é essencial.A beleza é fundamental? Para quem vive dela, será com certeza. Para outros, acredito que seja importante para a auto-estima. Para mim, não é fundamental. Mas ajuda!O Facebook e as outras redes sociais melhoraram a sua vida? Sim, sem dúvida. São excelentes meios de comunicação, até em contexto profissional.Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer? Acho que sim. Até porque, respondendo com outro adágio popular, “quem muito dorme pouco aprende”.O que tem que fazer um homem para ser um verdadeiro homem? Tem que ser íntegro, digno, sério, solidário e empenhado. Entre muitas outras características, julgo que estas farão um verdadeiro homem.O que seria para si uma tragédia? Perder alguém da minha família. O meu único medo na vida.Quantas vezes muda de canal por noite quando está a ver televisão? A minha mulher já tentou quantificar. Mas diz-me que é impossível.Quais as qualidades que mais aprecia numa pessoa? Entre as mais óbvias, que se prendem com valores, aprecio muito um sentido de humor inteligente.Qual a promessa que fez a si próprio mais vezes no início de cada ano e que vai continuar a fazer porque ainda não conseguiu cumpri-la? Ai, tantas! Fazer actividade física e uma alimentação cuidada devem estar à cabeça das promessas permanentemente adiadas.Qual é o seu maior defeito? Escolher só um é difícil! A teimosia, a rivalizar com a impaciência.Como é um dia bem passado? Desde que esteja rodeado de bons amigos e/ou da família, qualquer dia é um dia bem passado.O que é bom é para se ver? O ditado diz que sim. E eu concordo.Qual a sua actividade preferida? Gosto de política. Dedico-lhe tempo e empenho. Acredito nas virtudes da política.Alguma vez escreveu um poema? Não. Até porque a vocação não deixaria adivinhar um bom resultado.Há alguma coisa pela qual ainda valha a pena lutar até à morte se necessário for? Claro que sim. Lutar por valores e convicções é coisa intemporal. Com o valor da liberdade à cabeça.Qual foi a sua maior extravagância? Sinceramente não me recordo. Acho que nunca fiz nada verdadeiramente extravagante. Não casa comigo.Tem alguma superstição? Não. Nunca tive.Durante quanto tempo é capaz de guardar um segredo? Eternamente, se me for pedido.O que significa a expressão “Gozar a vida”? Até aos 20 ou depois dos 40? É que o conceito vai mudando. Viajar, conhecer e experienciar, encaixam hoje nessa expressão.Alguma vez deu sangue? Dei uma vez, apenas. Tenho que responder mais aos apelos de O Mirante.Ir comprar roupa ou calçado dá-lhe prazer? Só compro quando preciso. E quando preciso dá-me prazer.Se vir alguém deitar lixo para o chão diz-lhe alguma coisa? Tenho sempre vontade de dizer. Digo só às vezes.Alguma vez pediu o livro de reclamações? Não, porque nunca senti essa necessidade.A Justiça é igual para todos? Sinto que não apesar de achar que temos evoluído nesse sentido.Qual o seu prato preferido de bacalhau? Na brasa, com batatas a murro. Adoro.Sabe algum refrão de uma cantiga do Quim Barreiros? Sei pois. Vários. Há alguém neste país que não saiba?Alguma vez frequentou uma praia de nudismo? Não. Essa não é a minha praia.O que gostava de fazer e não faz para não cair no ridículo? Dizer algumas coisas, a algumas pessoas que merecem ouvi-las. O ridículo da coisa é que isso seria uma total perda de tempo.Tem alguma tatuagem ou já pensou em fazer uma? Tenho uma, feita há muitos anos. Não quero mais.Tem a profissão que gostaria de ter? Gosto muito do que faço. Contudo, não nego que gostaria de fazer outras coisas no futuro.O que sente quando vê pessoas a pagar promessas de joelhos em Fátima? Lamento não ter uma fé assim. E um respeito profundo por essa fé.Era capaz de dar trezentos euros por uns sapatos? Não. Encontro muitas e boas soluções por bem menos.Sente-se livre? Absolutamente livre. E faço questão de jamais abdicar dessa condição.Quantos verdadeiros amigos acha que tem? Não terei muitos desses. Mas são os melhores do mundo.
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