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Custódio Castelo abandona de vez a guitarra portuguesa solitária e nostálgica

Custódio Castelo abandona de vez a guitarra portuguesa solitária e nostálgica

Um Mestre que em vez de se tornar hermético se abre cada vez mais aos outros

Apresentação do álbum “Maturus” em Almeirim no encerramento do festival “Guitarra d’Alma” cuja terceira edição, em Novembro de 2016, já foi anunciada.

Nos últimos oito anos Custódio Castelo editou três discos. Em “Tempus” a guitarra impunha-se no silêncio dos outros raros instrumentos. Em “Inventus” começou a perceber a alegria de comunicar. Agora com “Maturus” a guitarra descobriu a alegria total de estar com outros e canta, dança, brinca, conversa, reflecte e viaja com a segurança de saber que a sua voz nunca se perde porque é única.A cantora Mariza, termina o curto texto que escreveu para o interior do último disco do guitarrista Custódio Castelo, convidando toda a gente a assistir a um concerto do músico e com um sublinhado: “Simplesmente arrepiante”. Em Almeirim, no sábado à noite, 28 de Novembro, no concerto de apresentação do álbum “Maturus”, espectáculo que encerrou a segunda edição do Festival “Guitarra d’Alma”, o público que lotou o cine-teatro, se por acaso se arrepiou não foi de nostalgia ou saudade mas de prazer.Custódio Castelo é como um marinheiro. Volta ao local de origem embora saiba que a sua casa é o Mundo. Em “Maturus” presta homenagem a Raul Nery mostrando o que acrescentou à sua herança, porque as boas heranças são sempre para acrescentar; passa pelo “Fado das Beiras” e até saúda o “Cante” alentejano com “Sol do Monte”, com vozes do Alentejo em palco e na gravação mas o sol e o sal das viagens não lhe saiu da pele. Os sons de outras latitudes e de outras praias musicais espreitam marotos em todas as esquinas. Basta ouvir “Razões”, “Eu Mais” (com a participação de Rão Kyao, “Sumbé”, “Encontro”)...No palco do cine-teatro de Almeirim estiveram alguns dos músicos que participaram no disco. Custódio Leitão na guitarra clássica, Carlos Menezes, (que foi um dos produtores do disco) no contrabaixo e baixo eléctrico, Rui Gonçalves na bateria, José Filomeno Raimundo no piano, Pedro Ladeira no clarinete e Miguel Carvalhinho com a sua viola de dez cordas. Óscar Cardoso, construtor da “guitarra siamesa” (duas guitarras portuguesas unidas no mesmo corpo) que Custódio Castelo usou no concerto, marcou presença e mereceu aplausos do público. Foram duas horas que passaram muito depressa. Duas horas felizes para músicos e público. Classificar o que se passou como um concerto de guitarra portuguesa é completamente impossível. Duas horas de música portuguesa, isso sim, com os artistas a recriarem o disco em palco provando que um espectáculo é sempre melhor que um disco por mais bem gravado e produzido que ele tenha sido, porque é um momento único e irrepetível.
Custódio Castelo abandona de vez a guitarra portuguesa solitária e nostálgica

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