“Quem entra no voluntariado já não sai”
O MIRANTE foi falar com vários voluntários que participaram em mais uma campanha do Banco Alimentar Contra a Fome e constatou a satisfação e sentimento de dever cumprido de quem deu parte do seu tempo em prol dos mais necessitados.
“Se conseguirmos dividir com outras pessoas que necessitam, mais conforto essas pessoas terão”, diz Alexandra Cardigos, empresária de 46 anos, enquanto faz voluntariado em mais uma campanha do Banco Alimentar Contra a Fome, no Pingo Doce, em Santarém. É a terceira campanha em que está a supervisionar os turnos e está ali desde as 8h30. Só sairá pelas 22h00. Começou como voluntária no Banco Alimentar, porque o pai também lá fazia voluntariado e queria ajudá-lo. Pertence também ao projecto Refood em Santarém e apela às pessoas para que saiam da sua zona de conforto e contribuam com algo. Entre sorrisos diz que se sente cansada. “Mas estou muito feliz, porque fiz a minha parte”, confessa.No Minipreço de Almeirim também Rosarinho Salavessa, enfermeira de 55 anos, vai distribuindo sacos à entrada do supermercado, com um sorriso. Faz turno das 15h00 às 17h00 de sábado e diz que ser voluntária é “um dever de cidadania e se todos ajudarmos, vamos conseguir erradicar a pobreza em Portugal e no mundo”. Faz parte do Banco Alimentar desde 2009, por convite de uma amiga, quando ficou a saber que o projecto estava a ser promovido em Santarém. Tem participado em todas as campanhas mas não se fica por aí. Rosarinho divide também o tempo entre a Refood de Santarém, a Liga Portuguesa Contra o Cancro, o Banco Farmacêutico e a Rede Europeia Anti Pobreza. Diz que conhece muitos casos concretos de pessoas que sofrem carências alimentares e que através da Refood tem agora uma percepção mais real das necessidades. Os voluntários dividiram-se por turnos. É o caso das duas jovens Ângela e Cristina, estudantes de 18 e 16 anos, que estiveram no E.Leclerc, em Santarém, das 15h00 às 19h00 de sábado. Fazem voluntariado há dois anos por iniciativa própria e dizem que ficam com “um sorriso na cara após esta campanha”. “Estou muito orgulhosa e contente por estar aqui”, diz Ângela. Pedem às pessoas que têm tempo para ajudarem nestas causas, pois há muita gente necessitada. Referem até que conhecem alguns casos de pessoas com carências alimentares na escola onde estudam. “Recebemos muito mais do que aquilo que damos”Também Brigite Brás, voluntária responsável pelos turnos no E.Leclerc, diz às pessoas para não se acomodarem. Está no supermercado desde as 8h30 e só vai sair às 23h00, passando ainda pelo armazém. É voluntária desde o início e começou através de amigos. Chegou até a fazer campanhas em Lisboa. “Nós recebemos muito mais do que aquilo que damos. O sentimento de gratidão é enorme para as pessoas que ajudam e sentimos que não estamos sós neste mundo”, afirma.Depois há quem faça voluntariado em conjunto. É o caso do casal José António, 42 anos, e Sónia Augusto, de 40. “Faço voluntariado no Banco Alimentar por convite da minha esposa”, diz José António no Minipreço de Almeirim, enquanto vai agradecendo às pessoas que vão saindo e entregando sacos com alimentos. “Não está fácil, mas as pessoas ajudam”, refere. Sónia começou através de colegas do trabalho há três anos. Confessa que é uma enorme satisfação participar nestas campanhas, porque “fez algo bem que minimizou as dificuldades de outras pessoas”.Anabela Catalão é outro exemplo vivo de ajuda ao próximo no Minipreço de Almeirim. Começou a fazer voluntariado aos 15 anos, na Misericórdia de Almeirim e a partir daí tomou-lhe o gosto, porque “quem entra, já não sai”. É também voluntária no Banco Voluntário de Almeirim e dá formações de inglês numa instituição, uma vez por semana. “Senão houver uma rede de voluntários, estas causas não têm visibilidade. Por isso desde que eu tenha conhecimento e me convidem, eu estou sempre presente”, refere. Faz parte do Banco Alimentar desde Maio deste ano e confessa estar ali por causa das crianças, já que é professora. Sente-se muito cansada, mas feliz no fim destas campanhas e apela às pessoas para que sejam altruístas. “Hoje é para outros, amanhã não sabemos se será para nós”, alerta.No Pingo Doce de Santarém, Paula Varregoso, de 48 anos, está ali desde as 17h00 e vai estar até às 19h30 de sábado. Começou a ser voluntária através do incentivo de uma amiga que já estava na organização e destaca que quanto mais pessoas forem voluntárias mais fácil será. Diz que se sente admirada por algumas pessoas darem muitos alimentos. “Nós gostamos de ajudar como seres humanos. Dá-nos satisfação ajudar alguém”, conclui.Mais de 100 toneladas de alimentos recolhidas na regiãoDurante o último fim-de-semana a campanha do Banco Alimentar Contra a Fome encheu novamente os supermercados de voluntários. Nos dias 28 e 29 de Novembro muitas toneladas de alimentos foram recolhidas, organizadas em armazém, para serem distribuídas por pessoas com carências alimentares. Em dois dias, no distrito de Santarém, na área territorial da Lezíria do Tejo, atingiu-se 68 toneladas e no Médio Tejo cerca de 38,76 toneladas.
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