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“Os jovens enganam-se quando pensam que a vida é só facilidades”

“Os jovens enganam-se quando pensam que a vida é só facilidades”

Bruno Carrilho, 32 anos, fundador e proprietário da Pro-Solda em Samora Correia

Foi jogador de futebol e preparou-se para vir a ser professor de Educação Física mas acabou por seguir as pisadas do pai e entrar no mundo da soldadura. Depois de vários anos como emigrante, resolveu apostar no que tinha aprendido sobre a profissão e na experiência adquirida e acabou por abrir o próprio negócio, em Samora Correia. Há quatro anos que dedica cerca de 12 horas por dia ao seu “filho” empresarial, a Pro-Solda - Soldadura e Tubagem Industrial, situada na zona industrial de Samora Correia, no concelho de Benavente.

A Pro-Solda foi fundada por mim há quatro anos mas desde os 17 anos que trabalho neste sector. Enquanto emigrante fiz trabalhos em refinarias, em centrais nucleares e termoeléctricas na Bélgica, França, Holanda e Espanha. Também trabalhei na Ferrostal, que fez os submarinos para Portugal. Trabalhei sempre na soldagem, sou soldador, qualificado em várias áreas e tipos de materiais.Criei a minha empresa porque considerei que não estava a ser bem pago. Acreditei no meu valor e decidi aplicar o que tinha aprendido. Comecei com clientes que já conhecia. Neste momento estamos com uma obra em Estrasburgo, França. O que dizem que é mau lá fora é muito bom cá. Estou a sondar trabalhos para a República Checa para 2017. A minha obrigação como patrão é não deixar que nos falte trabalho. No mínimo dedico 12 horas por dia à empresa. Chego a ir para a empresa ao fim-de-semana, com tudo fechado, para preparar trabalho para a semana. Tenho pouco tempo, mas sempre que vejo que consigo melhorar alguma coisa vou soldar. Enquanto o faço ensino outros e mato saudades da profissão. Como sou muito rigoroso estou sempre atento à qualidade do serviço. Joguei futebol durante doze anos no Samora Correia. Depois de deixar de jogar ainda fiz ginásio mas há três anos que não faço desporto. Tenho família, companheira e filhos a quem tento dedicar alguma atenção e o trabalho consome-me muito tempo. O que eu peço sempre em termos de trabalho é uma oportunidade para mostrar aquilo que podemos fazer. Neste momento somos nove trabalhadores. Pensei desistir ao fim do primeiro ano, mas decidi tentar mais um ano e foi muito importante porque o boca a boca começou a divulgar o bom trabalho e nome da empresa. Foi assim que crescemos.Há cursos que deviam fechar durante três ou quatro anos para não se formarem pessoas em excesso. Quando era jovem pensei ser professor de educação física mas quando comecei a ver professores sem colocação mudei de ideias. Se tivesse de optar por outra profissão seria torneiro mecânico. Acho que me ia dar bem e é uma área que ninguém quer. Se todos vão tirar os mesmos cursos, não há lugar para todos. Hoje em dia os jovens pensam que é tudo facilidades e não é assim. Temo pelo futuro porque daqui a 15 anos só vamos ter informáticos e nem tudo se pode fazer com automação e robótica. Depois damos o mercado a países estrangeiros. Já está a acontecer. Quando queremos uma máquina temos de mandar vir de fora. Estamos a dar o ouro ao bandido.Já trabalhei com profissionais de muitas nacionalidades e acho que os portugueses conseguem estar entre os melhores. Concordo que se aposte na formação da juventude mas temos que lhe garantir saídas profissionais. Os estágios profissionais acabam e os jovens são mandados para o desemprego. Não há saídas. Sei que a internacionalização é essencial mas quem me dera trabalhar só para Portugal. Infelizmente olho à volta e em vez de fábricas só vejo armazéns. Tirando a logística resta apenas a agricultura. Estou à espera de novos projectos e de definição política que permita que avancem. José Luís Pimenta
“Os jovens enganam-se quando pensam que a vida é só facilidades”

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