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“Já cheguei a provar 157 vinhos num só dia”

João Sardinha é enólogo de profissão e músico nas horas vagas

Enólogo da Adega Cooperativa de Alcanhões nasceu na Lourinhã mas aos cinco anos foi viver para o Cartaxo. Quando acabou o curso na Escola de Regentes Agrícolas alistou-se na Força Aérea como voluntário “para despachar o serviço militar obrigatório”. Antes do seu primeiro emprego na área dos vinhos vendeu enciclopédias e flores porta a porta. João Sardinha, 62 anos, já passou por várias adegas e viu vários vinhos seus serem premiados. Uma das suas grandes paixões é a música, sendo guitarrista do grupo “Charruas” desde 1970.

Nasceu na Lourinhã e aos cinco anos foi viver para o Cartaxo, de onde a mãe era natural. Estudou no Cartaxo até ao antigo 5º ano. Mais tarde entrou na Escola de Regentes Agrícolas de Santarém onde acabou o curso aos 19 anos. Depois dos estudos alistou-se como voluntário para a Força Aérea, onde esteve ao serviço, na Base Aérea da Ota, durante quatro anos. Apanhou “todas as revoluções políticas pós 25 de Abril” e saiu do serviço militar em Novembro de 1975. Foi para a tropa porque ninguém previa que se desse o 25 de Abril e a ideia era “despachar o serviço militar”, explica. Quando saiu da tropa não conseguiu arranjar emprego e teve que andar a “fazer pela vida”. Vendeu enciclopédias e flores porque não é homem para ficar parado. O seu primeiro emprego como enólogo foi na Adega Cooperativa da Chamusca. Tinha 24 anos de idade. “Precisavam de um técnico e estive a trabalhar e viver na Chamusca durante um ano”. Mas a vida não era fácil. João Sardinha vivia sozinho naquela localidade e só ia a casa aos fins-de-semana. Mais tarde foi convidado para trabalhar na adega de Rogério Camilo Ribeiro, em Vila Chã de Ourique, mais perto de sua casa e que diz ter sido a sua verdadeira escola profissional. “O enólogo José Augusto Figueira Curado foi a pessoa que me ensinou praticamente tudo. Tive a sorte de ter simpatizado comigo e tivemos também a sorte de o proprietário nos ter dado a liberdade de podermos experimentar tudo, independentemente das dificuldades financeiras”, conta.Nove anos depois de estar nessa adega vêm os primeiros subsídios para os viticultores arrancarem a vinha, que só podiam replantar ao fim de 18 anos. O dinheiro era muito e a grande maioria optou por receber o subsídio e apostar noutras culturas, como o tomate, e a adega acabou por encerrar. É nessa altura que a Casa Agrícola Herdeiros Dom Luís de Margaride, em Almeirim, o convida para trabalhar os seus vinhos na Quinta do Casal Monteiro. Esteve a trabalhar como enólogo nessa adega durante 23 anos. A empresa acabou por ser vendida a outros pessoas e João Sardinha começou a pensar em “mudar de ares”. Entretanto surge o convite para entrar para a Adega Cooperativa de Alcanhões, em 2013, onde tem estado a trabalhar até agora. O enólogo já viu vários vinhos seus serem premiados. Os dois últimos prémios foram ganhos este ano com dois vinhos novos da Adega Cooperativa de Alcanhões a levarem a medalha de prata.Durante estes anos João Sardinha também foi trabalhando como consultor de várias adegas da região. É há 26 anos provador da CVR Tejo e já chegou a provar 157 vinhos num dia só. Também foi professor na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril e na Escola de Hotelaria de Santarém.João Sardinha sempre esteve ligado à música. Aos 10 anos de idade via o irmão a tocar viola e ficava a olhar. Assim que o seu irmão saía de casa pegava logo no instrumento e tentava tocar como ele. Durante os estudos na Escola Agrícola de Santarém entrou para o grupo “Os Charruas” e aos 16 anos de idade já tocava em bailes. Em 1971 o grupo musical suspendeu a sua actividade por indisponibilidade de alguns dos elementos. Em 1993 João encontrou por acaso o baterista da banda, João Baptista, numa estação de serviço em Santarém. João nunca mais tinha visto nenhum elemento da banda e como “ainda não havia os facebooks nem telemóveis as pessoas encontravam-se por acaso”, conta. Foi nesse reencontro que foi convidado pelo velho companheiro a ir comer umas sardinhas à sua casa em Sesimbra. “Foi o princípio do recomeço do grupo”, explica o enólogo e guitarrista.

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